Viagens

Astral perigoso

O tempo virou. Estava azul, começou a ventar e o céu ficou cinzento. Ontem, sexta-feira, como de costume fui trabalhar na edição do Ubatuba Víbora na TV. Na quinta eu havia feito as gravações. O trabalho resultou perdido, um problema técnico truncou o som, apagando as minhas falas de tempos em tempos. Vou gravar novamente na segunda-feira. Enquanto aguardava a liberação do equipamento conversei com amigos entusiastas de assuntos esotéricos. Eles me disseram para tomar cuidado com as viagens em 2008. As previsões astrais são preocupantes. Fiquei sabendo que haverá furacões, tsunamis, guerras, atentados terroristas, fome, choro e ranger de dentes. Ficarei em casa quietinho esperando o pica-pau que freqüenta o tronco seco aparecer. Segundo fui informado, os problemas que teremos em 2008 se originaram no movimento sísmico submarino que trouxe à luz o termo tsunami, quando aquela onda gigante varreu algumas praias da Ásia. O cataclismo teria alterado a inclinação do eixo da Terra. O fato é da maior importância no plano astral. Para mim tem a ver com o rebaixamento de Plutão, que deixou de ser planeta. Plutão é Pluto em inglês, nome do cachorro do Mickey, simpático e galhofeiro. O cachorro porque o ex-planeta é dissimulado e sinistro. Eu implico com Plutão desde criança. Tem a ver com uma senhora que era vizinha dos meus pais. Dona Ofélia, uma mulher destemida que teve coragem de ir para o Rio de Janeiro de avião em 1942, o que convenhamos, devia ser uma aventura. Muitos anos depois ela não levou em conta os conselhos de Omar Cardoso sobre os perigos do dia para os nascidos no primeiro decanato de escorpião. Foi uma fatalidade quando a encontraram desfalecida na rua João Teodoro. Estava morta. Ao seu lado a arma do crime, uma pedra. Nunca encontraram o criminoso, nem jamais encontrarão, a tal pedra, guardada por um sobrinho, revelou-se anos mais tarde. Era um meteorito. Vindo dos confins do Sistema Solar. Quem sabe um pedaço de Plutão. Jamais negligenciei os conselhos de Omar Cardoso, chegando inclusive a ganhar um bolo de fubá no bingo da igreja. Era o meu dia de sorte. Os astros não mentem.

Sidney Borges

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