Opinião
“Tampas de bueiros”
Corsino Aliste Mezquita
Furta-se tudo. Não escapam dos larápios nem as tampas de ferro grelhado de bueiros ou bocas-de-lobo. Essa freqüência de furtos das coisas mais essenciais para a segurança da sociedade, causadora de graves acidentes e de mortes, sem que as autoridades tomem providências e a sociedade reaja e solicite soluções dos ocupantes do poder, motivou uma visita, do inconformado MANOLO, para discutir o assunto e, em certo sentido, sugerir soluções. Não se conforma com a aceitação passiva, da sociedade, ante fato tão pernicioso e transcendente. Para explicá-lo contou duas histórias simples do cotidiano.
“Dia ensolarado do mês de julho de 1990. Grupo de brasileiros, com um guia experiente e conhecedor da região, passeava de carro contornando o Lago Constança, do lado suíço. O Sol brilhava no céu como poucas vezes acontece naquela região pré-alpina. Casas de campo e chalés, espaçados em chácaras, ao longo da estada, estavam de portas e janelas abertas sem que se avistasse, nas imediações, a presença de pessoas. Adolescente da comitiva questionou o guia: “Esses chalés estão totalmente abertos, não tem ninguém por perto e não são roubados?.
Guia: Que podem roubar deles?
Adolescente: TV. Rádio, aparelho de som, qualquer coisa.
Guia: Que fariam com o produto desses furtos?.
Adolescente: Vendê-los para intermediários.
Guia: Aqui não existem intermediários. As TVs e aparelhos domésticos tem registro e ninguém pode comprar ou vender nada sem emitir nota fiscal ou o comprovante adequado para cada produto. Não existem os trambiques do Brasil e de outros países de América Latina, da África e da Ásia. Maior parte dos países europeus estão em outro estágio de civilização e, os controles comerciais, são rígidos, para não permitir a sonegação de impostos e para que os usuários e proprietários tenham segurança.
Adolescente: Lá, no Brasil, nos “Ferros Velhos”, “Desmanches de carros” e “Brechós” pode se encontrar de tudo e ninguém pergunta pela origem”.
Disse MANOLO que o interessante diálogo pedagógico foi encerrado quando o veículo estacionou, nas cachoeiras do RENO, e a deslumbrante paisagem direcionou as atenções para sua contemplação e para observar o encontro de raças, culturas, tipos humanos diferentes, integrados e harmônicos para usufruir as belezas naturais cuidadosamente humanizadas para o encontro da diversidade humana.
Vendo, na noite do dia 10-11-06, nossos dirigentes políticos locais, com cara de piedade e de suposta impotência, prestar-se para reportagem televisiva de alguns minutos sobre “furto de tampas de bueiros e providências que estavam sendo tomadas”, MANOLO, teve reações diversificadas e no tumulto das idéias que vinham à tona contou, parafraseando Cervantes, na introdução ao “Don Quijote de la Mancha” a historinha a seguir:
“ Em um lugar do Brasil, do qual não desejo lembrar-me, foram furtados os equipamentos elétricos de uma praça municipal, pára-raios de escolas, janelas de alumínio também de escolas, portões de casas sem moradores permanentes, contêineres de lixo, computadores de empresas, além dos furtos freqüentes a domicílios com a violência de praxe e os horrores e sofrimentos ocasionados aos assaltados. Descobertos os atravessadores, nada foi feito. Nem mesmo um boletim de ocorrência. Supostamente pertenciam ao grupo político no poder. Dias depois da descoberta, o loquaz prefeito da cidade, foi a público, por todos os meios de comunicação, imprensa falada, escrita, televisiva e Internet, para comunicar à sociedade que, vândalos tinham cometido furtos e estragos em obras públicas e que, por esse motivo, estavam atrasadas. Disse também que a sociedade era responsável pelo que estava acontecendo. Tudo explicado. A sociedade além de tungada, pela incompetência ou safadeza de suas autoridades, era a responsável pelos furtos dos bens públicos!.”
MANOLO concluiu, o garoto do diálogo tinha razão: “Lá, no Brasil, nos Ferros Velhos, Desmanches de carros e Brechós, pode se encontrar de tudo e ninguém pergunta pela origem”. Hoje, o garoto da história sabe que, freqüentemente, esses estabelecimentos são propriedade de autoridades que os administram através de “gatos” e “laranjas”. Estes possuem todo tipo de cobertura. Até podem perseguir os concorrentes.
MANOLO considera o problema de fácil solução. É questão de ter vergonha! Quando chegaremos lá?
Corsino Aliste Mezquita
Furta-se tudo. Não escapam dos larápios nem as tampas de ferro grelhado de bueiros ou bocas-de-lobo. Essa freqüência de furtos das coisas mais essenciais para a segurança da sociedade, causadora de graves acidentes e de mortes, sem que as autoridades tomem providências e a sociedade reaja e solicite soluções dos ocupantes do poder, motivou uma visita, do inconformado MANOLO, para discutir o assunto e, em certo sentido, sugerir soluções. Não se conforma com a aceitação passiva, da sociedade, ante fato tão pernicioso e transcendente. Para explicá-lo contou duas histórias simples do cotidiano.
“Dia ensolarado do mês de julho de 1990. Grupo de brasileiros, com um guia experiente e conhecedor da região, passeava de carro contornando o Lago Constança, do lado suíço. O Sol brilhava no céu como poucas vezes acontece naquela região pré-alpina. Casas de campo e chalés, espaçados em chácaras, ao longo da estada, estavam de portas e janelas abertas sem que se avistasse, nas imediações, a presença de pessoas. Adolescente da comitiva questionou o guia: “Esses chalés estão totalmente abertos, não tem ninguém por perto e não são roubados?.
Guia: Que podem roubar deles?
Adolescente: TV. Rádio, aparelho de som, qualquer coisa.
Guia: Que fariam com o produto desses furtos?.
Adolescente: Vendê-los para intermediários.
Guia: Aqui não existem intermediários. As TVs e aparelhos domésticos tem registro e ninguém pode comprar ou vender nada sem emitir nota fiscal ou o comprovante adequado para cada produto. Não existem os trambiques do Brasil e de outros países de América Latina, da África e da Ásia. Maior parte dos países europeus estão em outro estágio de civilização e, os controles comerciais, são rígidos, para não permitir a sonegação de impostos e para que os usuários e proprietários tenham segurança.
Adolescente: Lá, no Brasil, nos “Ferros Velhos”, “Desmanches de carros” e “Brechós” pode se encontrar de tudo e ninguém pergunta pela origem”.
Disse MANOLO que o interessante diálogo pedagógico foi encerrado quando o veículo estacionou, nas cachoeiras do RENO, e a deslumbrante paisagem direcionou as atenções para sua contemplação e para observar o encontro de raças, culturas, tipos humanos diferentes, integrados e harmônicos para usufruir as belezas naturais cuidadosamente humanizadas para o encontro da diversidade humana.
Vendo, na noite do dia 10-11-06, nossos dirigentes políticos locais, com cara de piedade e de suposta impotência, prestar-se para reportagem televisiva de alguns minutos sobre “furto de tampas de bueiros e providências que estavam sendo tomadas”, MANOLO, teve reações diversificadas e no tumulto das idéias que vinham à tona contou, parafraseando Cervantes, na introdução ao “Don Quijote de la Mancha” a historinha a seguir:
“ Em um lugar do Brasil, do qual não desejo lembrar-me, foram furtados os equipamentos elétricos de uma praça municipal, pára-raios de escolas, janelas de alumínio também de escolas, portões de casas sem moradores permanentes, contêineres de lixo, computadores de empresas, além dos furtos freqüentes a domicílios com a violência de praxe e os horrores e sofrimentos ocasionados aos assaltados. Descobertos os atravessadores, nada foi feito. Nem mesmo um boletim de ocorrência. Supostamente pertenciam ao grupo político no poder. Dias depois da descoberta, o loquaz prefeito da cidade, foi a público, por todos os meios de comunicação, imprensa falada, escrita, televisiva e Internet, para comunicar à sociedade que, vândalos tinham cometido furtos e estragos em obras públicas e que, por esse motivo, estavam atrasadas. Disse também que a sociedade era responsável pelo que estava acontecendo. Tudo explicado. A sociedade além de tungada, pela incompetência ou safadeza de suas autoridades, era a responsável pelos furtos dos bens públicos!.”
MANOLO concluiu, o garoto do diálogo tinha razão: “Lá, no Brasil, nos Ferros Velhos, Desmanches de carros e Brechós, pode se encontrar de tudo e ninguém pergunta pela origem”. Hoje, o garoto da história sabe que, freqüentemente, esses estabelecimentos são propriedade de autoridades que os administram através de “gatos” e “laranjas”. Estes possuem todo tipo de cobertura. Até podem perseguir os concorrentes.
MANOLO considera o problema de fácil solução. É questão de ter vergonha! Quando chegaremos lá?
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