Sumiço

Belchior abandonou tudo

Cruzeiro On Line
Carteira de identidade, passaporte do Mercosul, título de eleitor, talões de cheque, sete suspensórios, cartão das Casas Bahia. Estes são só alguns dos itens deixados para trás em um flat na zona oeste de São Paulo pelo cantor e compositor desaparecido Antonio Carlos Belchior, 62 anos. A reportagem teve acesso exclusivo ao Auto de Constatação, Remoção, Depósito e Reintegração de Posse, no qual as anotações do oficial de justiça apontam para uma saída às pressas: "(...) No imóvel havia odor de mofo, havia também uma pilha de correspondência e no frigobar havia uma bandeja com alimento não identificado devido ao grau de putrefação do mesmo, com larvas e pequenos insetos no interior do frigobar".


Acompanhado de Edna Assunção de Araújo, Belchior deu entrada no flat em julho de 2007 e morou lá por um ano. Em agosto do ano passado, Belchior sumiu. À época, a gerência do hotel notificou o cantor, mas não teve resposta. Os telefones de Belchior e de Edna que constavam no cadastro do quarto 132 estão desativados. "Ele simplesmente sumiu. O hotel aguardou alguns meses e só então entramos com uma ação de reintegração de posse e cobrança dos meses que ficaram sem pagamento", explica o advogado do flat, Marcelo Alexandre.

A dívida de Belchior e Edna no flat, uma vez que fizeram juntos o contrato de locação, é de R$20 mil. Belchior deve R$18 mil ao estacionamento em que está seu carro abandonado. E sua ex-mulher, Ângela Belchior, cobra dele na Justiça R$ 99.600 de pensões atrasadas. Na presença de um oficial, o quarto foi aberto em janeiro deste ano pela gerente do flat. Todos os pertences do casal estão em um depósito designado pela Justiça.

A ação, registrada na 38ª Vara Civil, ainda está em andamento, mas o não pagamento da dívida pode levar à penhora dos bens deixados pelo cantor. "É claro que para isso acontecer ainda levaria algum tempo, e não resolveria a questão, já que os aparelhos têm valor irrisório comparado à quantia devida", explica o advogado do L’Ermitage. "Este é um caso muito estranho", diz o advogado. "O que levaria alguém a largar tudo, inclusive documentos, como o RG, por tanto tempo e não dar notícia?", questiona Marcelo Alexandre Durante quase um ano em que lida com o caso, ninguém o procurou para saber da dívida ou dos bens.

"São artigos de pintura, computadores, televisor e coisas pessoais, como roupas e celular", fala o advogado, que engrossa a lista de pessoas que aguardam notícias do paradeiro de Belchior. (AE)

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