Sarney

O tempo de cada um

Sidney Borges
Navegando na Internet revi uma foto histórica de Abreu Sodré, ex-governador de São Paulo. Instantâneo batido no dia 1º de maio de 1968, na Praça da Sé, quando um manifestante contrário à ditadura lançou certeira pedrada e feriu a cabeça do governador.

No dia seguinte os jornais mostraram na primeira página o sangue escorrendo. Sodré passou sem deixar marcas, seu governo foi discreto, tão discreto que sem a pedrada nem seria lembrado.

Anos depois a ditadura caiu e Sarney assumiu a presidência de forma inesperada e discreta. A transição para a democracia teve um preço. A economia estava desarrumada, a inflação subiu aos céus e a oposição atacou com ferocidade.

O atual amigo de fé e irmão camarada, Lula, chamava-o de ladrão.

Lula era a personificação da esquerda, mas as correntes conservadoras representadas por gente do calibre ético de Fernando Collor faziam coro.

O autor de "Marimbondos de fogo" apanhou muito, mas não reagiu e passou o governo ao sucessor. A democracia estava consolidada.

Esse seria o papel de Sarney na história se a sua vida pública tivesse se encerrado na entrega da faixa presidencial.

A sede de poder o manteve em atividade e o final será outro.

De consolidador da democracia a acobertador de atos de improbidade na presidência do Senado.

Sarney não vai deixar saudades, o que ele representa não interessa ao Brasil.

Homem do século XIX, completamente superado. Chô...

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