Por trás da crise

Jogo de cartas marcadas

Sidney Borges
Bernard Madoff é o nome do vigarista que conseguiu a façanha de fazer sumir 15 bilhões de dólares. Diz a lenda que usando 5 mil dólares ganhos trabalhando duro nas férias como salva-vidas e regador de jardins, Madoff criou uma empresa com o seu nome. Aí começou a carreira que agora está prestes a terminar em cadeia.


Nos Estados Unidos ricos vão presos. E ficam presos.

Hoje Madoff está em bundas, como diriam meus amigos de aeroclube. Depois de manipular mais de 50 bilhões de dólares de “clientes” ele se diz sem nada e ao que tudo indica é verdade. Nem o mais talentoso dos mágicos consegue fazer coisa parecida. Não foi truque, o dinheiro bateu asas e voou, sumiu, evaporou.

Como pode? Essa é a pergunta de quem rala pra ganhar a vida. Como pode? Simples, você já ouviu falar em corrente? Teoricamente funciona, a base é a confiança. Se ninguém falhar muitos acabam ganhando. Como toda moleza tem um preço, as correntes acabam complicando. Quem é pego na fase final perde.

O inventor da tramóia foi um italiano chamado Ponzi. Nos anos 20 ele percebeu que um selo postal comprado na Europa e transportado aos Estados Unidos multiplicava de valor. Ponzi começou a comprar e vender selos. Negócio honesto.

O dinheiro entrava fácil, os amigos perceberam a prosperidade e aos poucos a coisa ganhou vulto. Ele pegava dinheiro de terceiros, aplicava e pagava uma alta porcentagem dos lucros. A fama se espalhou e em pouco tempo os selos já não tinham importância. Com o dinheiro que não parava de entrar os clientes antigos eram remunerados e todos viviam felizes. E ricos.

A fraude foi descoberta, havia mais dinheiro circulando do que o montante correspondente em selos. Sem explicar a mágica o italiano foi preso e cumpriu pena. Libertado anos depois mudou-se para o Rio de Janeiro onde morreu pobre. Não é de hoje que criminosos italianos têm apreço por nossa terra.

Há um velho ditado que diz: “laranja madura na beira da estrada está bichada ou tem marimbondo no pé”. Quem perdeu dinheiro por ter acreditado na corrente Madoff mereceu perder. A ganância tem um enorme fator de risco embutido.

Os ganhos financeiros não podem substituir o trabalho. Ainda que especular dê trabalho, não é trabalho produtivo, apenas movimenta o que há na banca.

Eis o ponto de entrada do estado regulador. Liberdade onde há irresponsabilidade acaba em tragédia. Madoff é irresponsável e deveria receber um castigo exemplar. Guilhotina. Allez!

Aos incautos, um aviso. Mercado é jogo. Em qualquer jogo sempre há um vencedor – a banca - e um perdedor – o viciado. O resto é pura balela.

Na esteira de Madoff vai pro beleléu um banco que tem sede no Brasil e opera em todo o mundo. É esperar e conferir. Dizem que por trás da fachada de banco eficiente existe uma das maiores empresas de lavagem de dinheiro do mundo. Eu não assino embaixo, não tenho provas, mas que há indícios de que o boato é verdadeiro ninguém pode negar.

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