Macacos me mordam

Pane na redação

Sidney Borges
Estamos com problemas técnicos. O telefone está mudo. E surdo, pelo menos assim parece, não adianta falar que ele não responde. Cheguei a imaginar que estivesse chateado com as milhares de rãs amarelas. Me fazem lembrar as pragas do Egito, de que ouvi falar en passant, não sou dado a acreditar em acontecimentos extraordinários, nunca vi nada que pudesse me tornar crédulo. A praga que assola a redação do Ubatuba Víbora tem origem na Europa. O que seria do mundo se a "Invencível Armada" fosse de fato invencivel? Pergunta sem sentido pois as coisas uma vez acontecidas não podem ser mudadas, com o que não concordo de todo. Eu mudaria o script da minha vida. Sempre capricho no novo roteiro. Quando o dia termina e encosto a cabeça no travesseiro volto e conserto as burradas. Foram muitas. Sou campeão em fazer errado. Gauche na vida. Nos projetos irrealizáveis do que já foi faço com que tudo saia como o som de Tim Maia. Na manhã seguinte percebo a inutilidade de tal propósito. O caminho traçado lá está. Risco de carvão sobre canson branco 35 x 50, campo onde muito desenhei nos tempos da velha FAU, que chamávamos de fauvelha. Tive momentos de fauvelhado. Consertaram alguma coisa na região da Ponte da Ressaca. Faltou luz. Quando os elétrons ensandecidos retomaram a marcha energética, triunfantes e altaneiros, mudou a cor do monitor. Ficou roxo, quem sabe uma manifestação de desagrado. E o telefone não pede mais bis, calou-se, inútil, como inútil é a paisagem do harém para o eunuco. Sem ser o chefe da polícia, pelo celular mandei avisar. E mandar lembranças pro Donga. Tenho até o número de protocolo. Da última vez que aconteceu a "Invencível Armada" demorou uma semana para atravessar o Atlântico. Paciência, é preciso ter paciência. Um dia vai piorar, o tempo só faz as coisas piorarem.

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