O Brasil do qual não me orgulho

Começou a censura à Internet na campanha eleitoral de 2008

Pedro Doria Weblog
Lei é o diabo. Regulamentação de lei, idem. No início deste ano, o ministro Ari Pardendler, do TSE, soltou a resolução 9.504 que proibia qualquer candidato de ter mais de um site na rede para a campanha.
Isto inviabilizaria, sugeri na época, que um candidato tivesse seu site e pusesse, por exemplo, um
filmete no YouTube. Afinal, a página do YouTube e a página de campanha constituiriam dois sites. Assim, a campanha na Internet estaria praticamente inviabilizada.
Assim como ocorreu com o projeto de Eduardo Azeredo sobre cibercrimes, muitos críticos alegaram que esta interpretação da resolução do TSE estava errada. Que ela não coibiria assim a campanha. Que apenas organizava as coisas.
Pois bem: Geraldo Alckmin, candidato à prefeitura de São Paulo, foi obrigada a
retirar todos os vídeos do YouTube. Segundo o juiz: ‘A página do candidato não pode ser relacionada com outros sites gratuitos, como forma de extensão da propaganda eleitoral’. O juiz não está errado tampouco interpretou equivocadamente a resolução do TSE. Fez exatamente o que diz a letra.
Em Porto Alegre, a (bela) candidata Manuela d’Ávila foi obrigada a fechar sua comunidade no Orkut e suspender os vídeos do YouTube. Novamente: o juiz do TER fez cumprir as ordens do ministro Ari Pardendler.
Estão sendo censurados: não podem se expressar com todos os recursos que a Internet permite. Não podem aproveitar a rede para se comunicar em plena liberdade com os eleitores. Por que o YouTube é proibido? Por nada. Para evitar um vago abuso de sei lá o quê.
Começou o período eleitoral no Brasil. Por coincidência, escrevi domingo, no Estado, sobre a
influência da Internet na campanha norte-americana. Aqui no Brasil, seria ilegal.
A censura impetrada pela canetada do Tribunal Superior Eleitoral mal começou. Os primeiros foram os políticos. Os próximos
serão os jornalistas.

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