Brasil

Não foi ele quem inventou a pólvora

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa

Alguém, de bom senso e de bom coração, precisa dizer ao presidente Lula, antes que ele vá a Beijing, que não foi ele quem inventou a pólvora. Isso é urgente!
Usando expressão típica dele, estou convencida que ele se acha o sal da terra. De tanto dizerem que é inteligente, ele passou a se achar genial. A inteligência é um dom com o qual nascemos, mas assim como a musculatura, precisa ser exercitada. E como é que se exercita a inteligência? Lendo, estudando, se informando.
Ele é, quer gostemos ou não, a figura que representa o Brasil. E, ao contrário do que diz, não temos feito boa figura lá fora. Leiam a imprensa estrangeira, foi o que disse. Conselho que é melhor não seguir: deprime muito.
O Brasil está ficando ridículo. O episódio Daniel Dantas/Protógenes e tudo que envolveu e envolve, é farsa das boas. Teve de tudo: reunião do Presidente do STF com o Presidente da República, na presença inexplicável do Ministro da Defesa; pitos públicos no delegado; entrevistas lacrimejantes do juiz que ordenou a detenção; divulgação de documentos carimbados como sigilosos; transmissão de gravações de conversas que até hoje não sabemos se vão condenar ou inocentar os indiciados; revelação de que há duas correntes na PF; pedido de impeachment do Presidente do STF; passeatas de vinte membros da briosa CUT; mudança de espírito do ministro da Justiça, que não sabe se aplaude ou vaia a PF.
Como sempre, tudo é culpa dos ricos. Da divisão de classes. Dos maus contra os bons e, nesse caso, como em todos os outros, os pobres são bons, os ricos são maus. Quem comeu as três refeições por dia desde a primeira infância, não deve honrar pai e mãe. Quem estudou, deve se envergonhar de saber. Quem tem prazer em ler e aprender, e gosta de falar e escrever corretamente, com certeza é um malfeitor em potencial.
Pior que tudo: para nos livrar do complexo de inferioridade diante da Europa e dos EUA, querem nos enfiar goela abaixo o bolivarianismo e forçar uma ligação fraternal com outros países da América Latina, como se isso fosse ser a salvação de nosso subcontinente. Tremenda tolice. Sempre tivemos relações cordiais com todos, até o momento em que resolvemos bancar o pai patrão. Estamos nos comportando como novos ricos. Talvez seja bom o Lula aprender com Confúcio, também antes de ir à China: “Que bem eu te fiz para me quereres tanto mal?”
Ou ele pensa que vai encontrar hermanos gratos numa hora de aperto?
Ontem a frase do dia aqui no Blog do Noblat foi um retrato do Governo Lula: “Eu não vou diminuir o consumo neste país, porque se tem uma coisa que o povo pobre passou a vida inteira esperando é o direito de comer três vezes ao dia, o direito de entrar num shopping e comprar uma roupinha, comprar alguma coisa e isso nós vamos garantir”.
É estarrecedor! “Eu não vou diminuir o consumo”. O dele? O de sua família? Será que ele está mesmo convencido que a maior necessidade deste povo é ir passear no shopping e comprar uma roupinha? Comer não é, pois a fome, em seu governo, zerou. Ou não?
Quem será que põe essas coisas na cabeça dele?
Esse tipo de generosidade é deletéria, presidente. O que nós precisamos é de creches, escolas fundamentais e técnicas, hospitais públicos de qualidade, transportes, empregos, segurança pública. Sobretudo, da erradicação total do analfabetismo, vergonha maior do Brasil e matriz de todos os males. O resto, “a roupinha, alguma coisinha no shopping”, vem depois, e virá naturalmente.
(Do Blog do Noblat)

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