Vida

Binoche, Juliette

Sidney Borges
Encontro um velho amigo velho. Pra mais de oitenta. É dentista, está meio surdo, mas ainda vai ao consultório diariamente. Mal cheguei ele me pegou pelo braço e me levou ao escritório. Abriu um armário e tirou um livro.
- Você leu?
Respondi afirmativamente. - Li assim que foi lançado.
O livro em questão era “A insustentável leveza do ser” de Milan Kundera.
- Mas não é sobre o livro que eu quero falar, disse ele. É sobre o filme. Já assisti cinco vezes. Amanhã vou ver de novo.
- É tão bom assim, perguntei curioso. Eu não tinha visto o filme e sinceramente não me empolguei com o livro. O título foi a melhor parte, um achado, assim como aconteceu com “Tomates verdes fritos”.
- Não, continuou ele, o filme é uma história de amor como tantas outras, mas a atriz é sensacional. É a mulher com quem eu sempre sonhei. Estou completamente apaixonado. Apaixonado por uma atriz depois dos oitenta. Meu amigo não envelheceu, continuou adolescente pela vida afora. Fiquei feliz por ele, quero ser assim. Daqui a vinte e cinco anos vou me apaixonar por uma atriz que nasceu na semana passada e que terá pernas de louça como as da moça que acabou de passar...

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu