A ponderar...

Lavando dinheiro

Sidney Borges
Ontem em conversa com amigos veio à baila o tema lavagem de dinheiro. Como tornar legal o ervário ilegal, ou melhor, como as diversas máfias que operam em todos os cantos do Universo agem para esquentar a grana que entra fácil. Perdoem-me pelos cantos, é grande a possibilidade do Universo não ter cantos, mas como é impossível provar o contrário lanço mão dos mesmos. Com parcimônia, não é elegante ficar falando em cantos aos quatro ventos. Hotéis. É isso, geralmente são cheios de cantinhos, ótimos para esconder rolinhos de notas. Passadas três luas basta desenrolar que está limpo. Entenderam? Explico melhor. No Nordeste há dezenas de hotéis sendo construídos para atrair gringos e que também serão usados em convenções. Não são poucas as empresas que reúnem executivos em simpósios nas ensolaradas praias nordestinas. Como funciona? Simples, alguém faz a reserva. O pagamento é feito. Os impostos são recolhidos e todos ganham. Dificilmente haverá algum chato do governo com disposição de perturbar um contribuinte adimplente, querendo saber se a hospedagem de fato aconteceu. A fiscalização é rara ou não acontece e dessa forma as redes hoteleiras se transformam em imensas lavanderias. Um apartamento vazio pode lavar até 30 mil dólares em um mês. Deixo as projeções aos leitores, os grandes hotéis costumam ter centenas de apartamentos. Completada a lavagem, o dinheiro que geralmente é originário do tráfico – O PIB anual da cocaína é superior ao da GM – entra em circulação e gera mais atividade ilegal. Tráfico, jogo e prostituição e tome dinheiro a ser lavado. Como resultado das lavanderias do Nordeste, os hotéis do Sul perdem clientes corporativos seduzidos pelas vantagens que as máfias oferecem. Os hotéis lavanderias necessitam de movimento, nada melhor do que bandos de executivos reprimidos soltando-se por corredores e saguões. As viagens são incluídas nos pacotes e acabam quase de graça. A concorrência é desleal, até eu estou considerando a possibilidade de fazer a convenção anual do Ubatuba Víbora no Nordeste. Cabe ressaltar que há exceções, estabelecimentos tradicionais do ramo hoteleiro operam na região com sucesso e dentro da legalidade, mas há muitas lavanderias em ação e outras virão. O problema é real e merece ser estudado com cuidado. Queimar o dinheiro não é possível, deixá-lo fora de circulação também não. Então o que fazer com a titularidade ilegal? Gostaram da titularidade? Homenagem à ex-ministra Zélia e a seu fiel escudeiro, Ibrahim Eris, homem de critérias. Guardar embaixo do colchão? Mandar para um paraíso fiscal? Gastar com drogas, sexo e rock and roll? Por falar em lavanderia, alguém se lembra da CPI do Banestado? Investigou, investigou e prendeu um perigoso lavrador que morava em um casebre de um só cômodo. O meliante enviou mais de 100 bilhões de dólares para contas secretas na Suíça. O casebre era um mero disfarce...

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