Opinião

Alimentos em alta

Ilan Goldfajn
Há protestos em toda parte: Argentina, Egito, Haiti ou Tailândia. A alta dos preços do alimento no mundo está fazendo estragos. O Banco Mundial alertou que há risco de aumento da pobreza, desnutrição e violência nos países mais pobres. Na China e na Índia, a inflação de alimentos subiu de tal forma que está ameaçando a estabilidade política. Muitos países em desenvolvimento já reduziram tarifas para estimular as importações de produtos agrícolas e/ou restringiram as exportações - como na Argentina, o que gerou a crise recente com os agricultores -, o que tem acirrado as disputas nas negociações comerciais no mundo (Rodada de Doha). O que pode estar ocasionando a subida recente dos preços? Como as autoridades econômicas devem reagir a esse fenômeno?

O preço das commodities, de fato, tem subido significativamente. O Continuous Commodity Index (CCI) - que é um índice que representa a média de preço de 17 commodities (soja, milho, trigo, boi, açúcar, café, algodão, cobre, ouro, prata, etc.) - subiu 132% nos últimos cinco anos e 25% só nos últimos 12 meses. Como conseqüência, o preço dos alimentos tem subido no mundo todo. Nos últimos 12 meses, a inflação de alimentos na China foi de 23%; na Rússia, 18%; na Turquia, 12%; no Brasil, 11%. Na Argentina, a inflação foi mais modesta, de 7,7%, só que no mundo de fantasia do índice adulterado pelo governo.
Há razões fundamentais para a subida dos preços. Em primeiro lugar, a incorporação de uma população de milhões de pessoas à economia global nas economias em desenvolvimento - em especial na China e na Índia, agora dedicadas à produção de bens industriais e serviços - demanda cada vez mais alimentos com alta proteína, na medida em que a renda aumenta. Esse fenômeno explicaria por que os preços dos bens industriais tendem a cair, enquanto os dos alimentos, a subir. Uma mudança de preço relativo relevante e permanente.
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