Reflexões

São Paulo

Sidney Borges
Sobre comer bem, tenho como certo que é possível fazê-lo em São Paulo. Em 1985 um amigo italiano, Maurizio, me recomendou - e pediu segredo - um pequeno restaurante perto da Dacon. Jamais esquecerei daquela massa, nunca encontrei nada igual e bem que tentei. O prato que me encantou era uma variedade de ravioli, massa finíssima recheada de uma mistura de várias carnes e ervas aromáticas. Tudo na medida certa, coberto com azeite e sálvia. O aroma, hum, o aroma... Voltei algumas vezes, infelizmente o dono vendeu a casa e o novo dono não seguiu a mesma linha. São Paulo cresceu muito, sem planejamento, espalhou-se de forma desordenada e hoje é uma tragédia. Nos meus tempos de escola primária havia 60 milhões de habitantes no país, a maioria no campo. Vivia-se bem em São Paulo, o clima era agradável, típico, garoava e fazia frio. Os transportes coletivos davam conta do recado e havia poucos carros. Segundo urbanistas experientes, o ponto de não retorno foi ultrapassado e não há mais solução, apenas paliativos. A cidade ruma ao caos, vai colapsar, é irreversível. Os congestionamentos são de tal ordem que começam nas garagens dos condomínios. Como solucionar tal equação? Eu tenho certas reservas em fazer julgamentos, mas se compararmos os endinheirados brasileiros com os europeus o comportamento é parecido. Eu diria cafona, com muito colesterol, cheio de excessos. Não falo de americanos, para mim são quase marcianos, de outro planeta. Ricos vivem de ilusão. Imaginam não pertencer ao mundo. Escondem a condição miserável da existência humana em meio a adereços e maneirismos. Eu que estou longe de ser rico, sou um mero aprendiz, sigo caminhando, tendo ao lado meu cachorro. Diariamente saímos pela Mata Atlântica observando pássaros e cobras. No momento estou tentando domesticar um teiú para agregá-lo à família. Mas saibam os leitores que gosto de passear em shoppings, sempre que posso eu vou.

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