Pensata

Gripe e átomos

Sidney Borges
Ela chegou de fininho, como quem não quer nada e se instalou, drenando minhas forças e trazendo um terrível mal-estar. Falo da companheira gripe, como diria o Lula de antigamente. Hoje estive na rádio Maré FM pela terceira vez falando de energia nuclear. O tema é distante do dia-a-dia das pessoas, o meu conhecimento específico deve-se a trinta anos de ensino de Física. Nos anos da década de 1970, um filme sobre o tema fez sucesso. Síndrome da China, com Jane Fonda e Michael Douglas. O título refere-se ao que supostamente aconteceria caso o núcleo de um reator atômico “derretesse”, isto é, se a reação em cadeia saísse de controle por alguma falha técnica. A temperatura atingiria valores tão altos que o conjunto penetraria na terra e sairia do outro lado do globo, no caso dos Estados Unidos, a China. Se acontecesse no Brasil o contemplado seria o Japão. Algum tempo depois do filme entrar em cartaz aconteceu o inesperado, o reator da Usina de Three Mile Island, na Pennsylvania, nos Estados Unidos, derreteu, num dos piores acidentes nucleares da história, felizmente controlado a tempo e sem vítimas a registrar. Imagino que os chineses ficaram de cabelos em pé. Ainda hoje quando falamos em fissão nuclear parece que estamos entrando em terreno sagrado, há quem imagine que o homem esteja manipulando forças além de seu controle. O medo tem sua razão de ser. O uso da energia atômica não é totalmente seguro, nenhuma atividade humana o é, pode acontecer um acidente. No entanto, nos reatores em operação, os padrões de segurança operacional são satisfatórios. As lições de Three Mile Island e Chernobyl serviram como parâmetro para aumentar a segurança. Apesar dos cuidados que há, eu advogo que as medidas de segurança sejam duplicadas ou até triplicadas. Prevenir é sempre mais barato do que remediar e cabe lembrar que no caso de um acidente nuclear pouco sobraria para remediar. Outro ponto a ser questionado é o dos dejetos, ainda sem solução satisfatória. Um dia o homem terá energia abundante e barata, mas infelizmente estamos longe desse porvir glorioso. Quem sabe as células de hidrogênio sejam a solução?

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