Esportivas

Futebol, arte do Brasil

Sidney Borges
Troco figurinhas de futebol com Mino Carta, que defende sutilmente a superioridade do futebol italiano, atual campeão do mundo. Eu modestamente discordo, o Brasil é melhor. Na verdade se os campeonatos mundiais (torneios impropriamente denominados) tivessem turno e returno, com todos se enfrentando, o Brasil dificilmente perderia. É possível um time inferior ganhar uma partida e isso torna o futebol tão especial, sempre há a esperança do lanterna bater o líder. E não é raro acontecer. Sobre a relação entre o futebol e a miséria, eu concordo que em certo instante foi assim. Quando o futebol chegou ao Brasil era um esporte de elite. A pouca necessidade de equipamento para a prática, apenas bola e campo aberto, fez com que se tornasse popular. Hoje o futebol está entranhado na alma brasileira, todos jogam, pobres e ricos, periféricos e moradores de finos condomínios. Os craques são tantos e surgem com tal velocidade que mal consigo acompanhar o ritmo. Todos os anos uma safra vai para a Europa a peso de ouro e do nada brotam craques tão bons ou melhores. Mino coloca como ponto fraco do futebol brasileiro a falta de aplicação tática, o que faz com que percamos jogos inexplicáveis, como aconteceu em Sarriá, em 1982, quando a Itália nos despachou da Copa. Desse jogo não gosto de me lembrar, fico enjoado. Naquela partida dois craques erraram em momentos decisivos, Cerezo e Júnior. Paolo Rossi aproveitou e fez dois gols decisivos. Fica no ar a dúvida, numa segunda partida os craques voltariam a errar? Penso que não, mas como o futebol é atividade humana, o erro faz parte do espetáculo, afinal de contas se todos fizessem tudo certo, com total aplicação tática, os jogos terminariam empatados e o futebol deixaria de ser o espetáculo empolgante que é.

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