Política

CPI
Autor - Deputado: EDUARDO MATARAZZO SUPLICY e outros

Requerimento nº 771 de 1980
Ato nº 9 de 1981 - D.O. 24/06/81
Apurar os possíveis riscos da instalação e operação de usinas nucleares e depósitos de lixo atômico no Estado de São Paulo.
Entrada: 24/06/81
Presidente - Deputado: EDUARDO MATARAZZO SUPLICY

Vice-Presidente - Deputado: EDSON REAL
Relator - Deputado: MARCOS CORTES
Secretário: Maria Abadia Farnezi e Sueli de Souza Pereira

Prazo: 180 dias - Até: 15/04/82
Relatório Final: Publicado em 27/05/82 - pgs: 32/55

Observações: Encerrada em 13/04/82. Em 07/05/82 encaminhados à ATM os 6 volumes que compunham os autos da CEI.
Deputados Membros:

Partido - Membros Efetivos
PDS - RICARDO IZAR, EDSON REAL, MARCOS CORTES, JIHEI NODA, HATIRO SHIMOMOTO,
PMDB - RUBENS LARA, EVANDRO MESQUITA, FLÁVIO F. DA C. BIERRENBACH,
PT - EDUARDO MATARAZZO SUPLICY


Um pouco de História

O nome assinalado acima é de um político que teve tudo para fazer uma carreira vitoriosa, mas acabou no ostracismo por ter trocado os pés pelas mãos. Marcos Cortes era professor de Física do Objetivo. Excelente professor. Carismático, bem-humorado e dono de invejável didática, tornou-se ídolo dos alunos. Em 1978 candidatou-se a deputado estadual pelo MDB. Com o apoio do Objetivo, que tinha escolas espalhadas por todo o Estado, foi eleito com um número expressivo de votos. Lembro-me perfeitamente de uma noite, logo após a eleição, em que nos encontramos no aeroporto de Congonhas. Ele fazia parte do comitê de despedida do patrão, João Carlos Di Gênio, dono do Objetivo, que esperava a hora de embarcar. Ao me ver Cortes foi ao meu encontro, eu também era professor de Física do Objetivo. Na época Maluf era o governador, depois de contrariar o governo federal que preferia Laudo Natel. A eleição do governador era indireta, jogo de cartas marcadas, ganhava sempre o candidato da Arena, escolhido por Brasília. Mera formalidade para justificar o uso do termo democracia. Foi assim até surgir Maluf, que resolveu mudar as regras do jogo da Arena, embora gostasse do sistema vigente. Para tanto viajou o Estado diversas vezes em busca dos convencionais do “maior partido do Ocidente”, com quem falou pessoalmente, com cada um deles. Dizem que antes de chegar a uma cidade ele recolhia informações que depois exibia com desenvoltura, sabia os nomes dos eleitores, dos filhos, das mulheres, das tias doentes e até dos cachorros. E ainda prometia empreguinhos aos genros. Laudo Natel, o preferido do presidente da República, tinha medo de avião. Enquanto visitava duas ou três cidades, Maluf voava para cinqüenta. Dessa forma, na convenção Maluf venceu e foi posteriormente eleito governador do Estado de São Paulo. Com o cacife de quem derrotou Figueiredo e Golbery, o governador Maluf resolveu mudar a capital de São Paulo para o interior, além de afirmar que ia descobrir petróleo em Lins, o que é outra história. Na Assembléia Legislativa começou a caça aos deputados. Para mudar São Paulo Maluf iria precisar de todo o apoio. Voltando ao encontro com o deputado Cortes, no cafezinho ele anunciou que ia se aliar a Maluf. Anunciou e fez. Saiu do MDB, por onde se elegeu com um forte discurso oposicionista e se filiou ao PDS. Não adiantou tentar demover o colega, ele via Maluf da mesma forma como via Di Gênio, seres mitológicos, mágicos, poderosos, que tinham o dom de fazer qualquer coisa que quisessem. Foi o que ele me disse naquela noite. A seqüência de fatos é lamentável. Maluf não mudou a Capital, não encontrou petróleo e não fez o sucessor. Cortes tentou continuar deputado, mas se deu mal, teve pouquíssimos votos e não foi reeleito. Quando voltou às aulas a coisa piorou. Os alunos que antes o idolatravam passaram a odiá-lo. Traidor. Era o coro que se ouvia quando ele entrava na sala. Na lousa o número de votos da primeira eleição mostrava o quanto é difícil enganar a opinião pública. Faltou a ele sensibilidade política. O país queria o fim do regime de exceção, estava no ar a abertura política. Cortes errou ao buscar o imediatismo, rendeu-se a promessas vãs e viu a carreira ir pelo ralo. Errar é humano, difícil é quando não há possibilidade de consertar o erro. Em política isso muitas vezes acontece.

Sidney Borges

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