“INJUSTIÇADOS E SOLIDARIEDADE”

Corsino Aliste Mezquita
São de todos conhecidos os alertas que, BERTOLT BRECHT (1898-1956), faz, na sua obra, convidando o povo a pensar, agir, participar da vida em sociedade, ser solidário e defender seus direitos e os de seus vizinhos, quando injustamente atacados por governos com vocação de ditadores mesmo que, não sejam tão violentos como o nazismo que ele enfrentou.
Neste sentido é significativa a triste confissão do pastor presbiteriano alemão, Martin Niemoeller, sacrificado pelos nazistas e por ele transcrita:
“Primeiro eles vieram buscar os comunistas.
Não falei nada porque não era comunista.
Então vieram buscar os judeus.
Não falei nada porque não era judeu.
Depois vieram buscar os operários, membros dos sindicatos.
Nada falei porque não era operário sindicalizado.
Então eles vieram buscar os católicos.
Não falei nada porque sou protestante.
Finalmente vieram me buscar.
Quando isto aconteceu, não havia ninguém para falar.”

Esses comportamentos violentos de governantes, com nuanças, matizes e características diferenciadas repetem-se sempre que um “ditadorzinho” de plantão quer implantar seus objetivos pessoais e para que não apareçam as fontes da corrupção tenta silenciar seus opositores com perseguições, calúnias, difamações, injúrias, processos e, dependendo das circunstâncias, até com a morte.
Observando a vida nacional, de um ou outro estado e de alguns municípios, podemos encontrar dezenas de histórias parecidas à contada por Bertolt Brecht. Prestando bem atenção, algumas semelhanças, podem ser observadas, neste quadrante histórico de nossa Ubatuba. Não é necessário citar personagens e situações.
Felizmente para a JUSTIÇA, para os INJUSTIÇADOS e, principalmente, para a DEMOCRACIA e a MANUTENÇÃO DA PAZ NA SOCIEDADE, nem todos se calam, como fez o pastor Martin Niemoeller, pensando que a injustiça praticada para os outros não é com ele. Mesmo numa sociedade “mansa” e pouco solidária como a de Ubatuba, existem os que não se calam ante a injustiça praticada por nossos políticos com a certeza de impunidade.
Da primeira parte da frase acima, sou testemunha agradecida, nestes dias de perseguições, calúnias, difamações e processos por delitos que não cometi.
Enquanto à segunda parte, “certeza de impunidade para nossos políticos”, podemos afirmar que quando se aciona a JUSTIÇA, com seriedade e pelos cominhos legais, também não existe certeza de impunidade. Terça feira, “UBATUBA VÍBORA”, publicou a súmula do acórdão, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que confirma a condena, por unanimidade, de um cidadão de Ubatuba, a três meses de cadeia, por ter injuriado, caluniado e insultado, na Rádio Costa Azul, em 1999, quando era prefeito de Ubatuba, o conhecido casal, Helena Leal Costa Leite e Roberto Mamede Costa Leite, assim como a obra de caridade e sensibilidade humana por eles desenvolvida.
Alguns dos que ouvimos o programa, além de prestar-lhes solidariedade, conforto e apoio, na época, estimulamos o processo que agora teve desfecho e condenação, sem direito a apelação.
A lição que devemos tirar, desse exemplo, nós cidadãos comuns, é que não devemos nos intimidar ante a injustiça praticada pelos poderosos de plantão. Temos o dever de reagir dentro dos parâmetros de legalidade. Reagir, na imprensa, publicando as injustiças e perseguições de que somos vítimas e gerando aquele “murmúrio” e opinião silenciosa que pune nossos políticos, primeiro na “boca do povo” e, posteriormente, nas urnas.
A todos os poderosos de plantão cabe pensar que, o poder é efêmero e que a injustiça clamará por justiça.
Existe também a possibilidade do tiro sair pela culatra e, o vendaval de injustiças, despertar iras e avivar fogos amortecidos.
Concluímos com a frase de Cláudio Andrés Telles: “A corrupção, por sinal, é inseparável de qualquer projeto totalitário, e, a maior tristeza que pode atingir uma sociedade é tornar-se tolerante à prática da corrupção”. (“O Preço que se paga”. Guaruçá, 26-05-06)

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