Na mão do PMDB

Comentário da cientista política Lucia Hippolito na CBN:
"Nem bem começou, e a sucessão presidencial de 2006 já empacou. E empacou à espera da decisão do PMDB.
Como todo mundo sabe, o presidente Lula está doidinho para ter o PMDB como aliado já na campanha eleitoral. Lula quer entregar a vice-presidência ao partido. Quer casamento oficial, de papel passado.
Compreende-se a angústia do presidente. Ao que tudo indica, o PT vai emagrecer nessas eleições. Os mais pessimistas acham que o partido, que elegeu 92 deputados em 2002, não chegará nem à metade nas eleições de 2006.
De qualquer forma, o PT, que não fez maioria na Câmara antes do escândalo do mensalão, não vai fazer nas eleições de 2006, depois que toda a sua cúpula e as principais lideranças foram apanhadas freqüentando as contas de Marcos Valério e se beneficiando do mensalão.
Alguns foram até denunciados pelo procurador-geral da República como chefes da organização criminosa que pretendeu tomar de assalto o poder e se perpetuar nele.
Por sua vez, também devem emagrecer os partidos do mensalão: PP, PTB e PL, que compunham a antiga base aliada de Lula no Congresso. Quanto aos partidos nanicos que apóiam o presidente e não foram colhidos pela tsunami do mensalão, ninguém arrisca prognóstico. Não se sabe quantos deputados o PcdoB ou o PSB vão eleger.
Por isso mesmo, mais uma vez a posição do PMDB é estratégica para Lula.
Mas não só para Lula. Os tucanos também têm interesse no PMDB. Fazem uma côrte aberta ao ex-governador Orestes Quércia, chegando mesmo a oferecer a vaga ao Senado em São Paulo, como parte do acordo nacional.
O sócio preferencial do PSDB continua sendo o PFL, mas um vice do PMDB seria de excepcional importância, porque um PMDB que se aliasse formalmente aos tucanos seria um PMDB que deixaria de se aliar formalmente ao presidente Lula.
O PMDB pode garantir a existência de um segundo turno, se não se aliar a Lula. O PMDB é a mais formidável máquina político-eleitoral do país, e tudo indica que vai ter em 2006 o mesmo desempenho dos últimos anos. Ou seja, não vai eleger o presidente da República, mas pode eleger a maioria dos governadores, dos deputados estaduais, dos senadores e, até mesmo, a maior bancada na Câmara dos Deputados.
Trata-se, indiscutivelmente, da noiva mais cobiçada dos últimos tempos. Ninguém quer saber se é feia ou bonita. A única coisa que interessa é o tamanho do dote.
E, como todo mundo sabe, noiva rica é sempre linda."

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