Uma grande enganação



Luiz Moura
Tudo começou com a justificativa para se conseguir o dinheiro do DADE (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias, órgão do Governo do Estado de São Paulo). Inventaram um nome dúbio que aparenta função dupla: "Espaço de Convivência e Entretenimento - Feira Hippie", dando a nítida impressão de que o espaço será usado também (pela comunidade) para a realização de eventos culturais, esportivos, sociais etc.
Como a possível obra seria executada em área abrangida pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), pois ficaria próxima aos prédios tombados: Casarão do Porto, Sobradão da Câmara, Igreja Exaltação da Santa Cruz e Cruzeiro, os órgãos responsáveis pelos patrimônios preservados tiveram que ser convencidos com argumentos do tipo: seria um espaço de convivência cultural, que seria coberto com lona facilmente removível e que a cobertura seria utilizada apenas nas temporadas (
É crime sim, e vem de longe, do arquiteto Renato Nunes). A comunidade nunca discutiu sobre a cobertura da Feira Hippie.
Conseguido o dinheiro e a autorização, faltava apenas a derrubada das árvores (incluindo as duas amendoeiras - uma centenária) e do Cruzeiro, ícones de Ubatuba.
Decidiram iniciar a "obra" como se tudo fosse normal, mas quando colocaram o tapume abrangendo o Cruzeiro e as amendoeiras, a população reagiu. Daí a administração Eduardo César (?) decidiu informar que a empreiteira apesar de utilizar equipamentos usados em topografia cometeu um "pequeno erro" (de aproximadamente 15 metros) na locação da obra. Ouvi, durante a manifestação em prol dos ícones de Ubatuba (21/12/2005), vários feirantes afirmarem que as amendoeiras e o Cruzeiro não seriam tocados. Que tudo não passava de intriga para impedirem a construção da cobertura que beneficiaria muitas famílias etc.
Com a relocação da obra notaram que não haveria maneira de uma das amendoeiras continuar existindo dada a locação da estrutura. Providencialmente, um laudo elaborado pelo engenheiro Luciano Pradella, que assessora a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, aponta que a árvore está doente, oferecendo riscos à população que transita pelo local. Baseado no laudo, Geraldo Fernandes Ribeiro do Vale, juiz substituto da 2ª Vara Cível de Ubatuba, concedeu no dia 4 de janeiro, o pedido de reconsideração solicitado pela Prefeitura de Ubatuba para a retirada da amendoeira.
Rapidamente, ao anoitecer, uma das amendoeiras foi derrubada. Sem qualquer preparativo, tanto na derrubada quanto no replantio, a amendoeira (declarada "doente" por Pradella) foi transplantada em praça no bairro do Perequê-Açú.
Descaradamente, a administração Eduardo César, colocou e mantém placa mentirosa sobre a obra em execução. A petulância com que afronta a população é tão grande que não me surpreenderia com a derrubada criminosa da amendoeira centenária e nem do sagrado Cruzeiro.
Imbróglio como esse poderá resultar em demolição futura que acarretará prejuízos ao município, como o ocorrido com a cobertura da praça Bip. A necessidade de responsabilização, com a subseqüente restituição do dinheiro mal empregado, deve constar da sentença que condenará os gestores. Assim iniciar-se-á uma nova fase na administração do dinheiro público.

Fonte: UbaWeb

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