“RETIRADA EM TEMPO”

Corsino Aliste Mezquita
Início dos anos setenta, na Espanha de Franco. O Caudilho estava decrépito e vozes se levantavam, por todos os lados, pedindo maiores poderes para o Príncipe Juan Carlos, para o Primeiro Ministro e sua retirada paulatina. Félix Garcia Vielba, franquista, membro da Real Academia Espanhola, colunista dominical do jornal monárquico ABC de Madrid, com a fineza e elegância literária que o caracterizava, publicou artigo sob o título: “UMA RETIRADA A TIEMPO”, sugerindo, a Franco, abrir todas as portas ao Príncipe e atender as manifestações ordeiras e pacíficas de parte dos políticos e intelectuais.
A imprensa franquista desabou sobre ele. Passados trovões e relâmpagos, da primeira tempestade, publicou segundo artigo raciocinando que tanto ele como Franco já tinham mais de setenta anos e deveriam pensar em sucessores. Nesse artigo ponderava, com seus colegas intelectuais, ser necessário deixar de ser “alicortos” (0 adjetivo não existe na língua espanhola) e “sincopados”.
Com o termo “alicortos” solicitava de seus críticos não fossem aves de asas curtas, mentalidades apegadas ao passado, procurassem enxergar longe, sintonizar-se com as idéias da sociedade e projetar o futuro que já se apresentava como inevitável.
Já ao termo “sincopado” além do significado próprio, de nota musical que se encontra entre outras de menor valor, atribuía conceitos apropriados ao caso como, considerar às criticas infundadas, árvores sem copa e monstros sem cabeça.
Há notícias indicando que Franco leu os artigos e atendeu as sugestões. Não queria ser qualificado, no final de sua vida, como “alicorto” e “sincopado”. Certamente, até Palácio del Pardo de Madrid devem ter chegado outras vozes. A partir daí, o Príncipe Juan Carlos, teve intensa participação no governo e, junto com o processo de transição, a Espanha, viveu e, está vivendo, um dos períodos, mais longos, de paz, concórdia e desenvolvimento.
Analisando a nossa crise nacional, a corrupção transbordando por todos os poros do país, o Sr. Presidente desprestigiado, exposto ao ridículo, mentindo para o País, etc, etc... A NAÇÃO está exigindo gestos de grandeza.
Os textos abaixo transcritos solicitam reflexão e providências:

“O PT e o governo destruíram toda e qualquer idéia de projeto e de valores. Começa pela atitude de Lula. Ele não gosta de estudar, não gosta de ler, não gosta de trabalhar, não gosta de problemas e se orgulha disso....Lula não tem crédito para ser fiador da estabilidade econômica. ...Age com tibieza, com dubiedade” (Senador Tasso Jereissati. Entrevista à Folha A8 de 18-11-05)

“Precisamos gastar mais”, “Vamos começar as liberações já”, “Precisamos fazer os juros cair mais” e.. Cada um por si, procurando o sentido com seu próprio fósforo, na escuridão de idéias e no vazio das discordâncias”(Cronista, Jânio de Freitas. “Reuniões a bordo” Folha A5 de 21-12-05).

“Entrei pelo cano do valerioduto. Caí no buraco negro das pesquisas em que até vampiro ganha de palhaço. Desanimado, comprei uma cueca nova na Daslu. Enchi a danada de dólares e fui gastar na Daspu. Minha bengala típica de palhaço foi enfiada na cabeça de meu pupilo, que agora diz que não sabe se vai votar em mim”. (Palhaço Hugo Possolo. Folha A3 de 04-01-06). Artigo divertido, não fosse trágico o conteúdo!.

“Não lhe parece estranho que, o presidente Lula, tenha afirmado que levaria José Dirceu para seu palanque na campanha da reeleição, quando a lei proíbe qualquer atividade política a quem tem seus direitos políticos cassados? ( Ferreira Gullar, em “Estranhezas”, Folha E10 de 08-01-06). Citamos uma entre mais de vinte estranhezas do autor.

Sabemos de nossa insignificância, de nossa falta de autoridade para sugerir atitudes ou indicar caminhos, mas.... nessa desmoralização porque passam as cúpulas dos TRÊS PODERES ( Presidência da República, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal), seria oportuno o surgimento de alguém, com autoridade, que convencesse ao Presidente Lula a desistir de sua candidatura à reeleição, o PT a candidatura própria, convocar os Ministros/Juizes do Supremo a serem só juízes e honrarem o cargo vitalício que lhes foi outorgado e a todos os partidos políticos e seus membros a despojarem-se de idéias egoístas, conceitos “alicortos” e “sincopados” e fazerem um pacto que quebre arestas, serene ânimos e uma forças políticas que permitam a criação de um PROJETO DE PAÍS GRANDE, como o BRASIL merece e há possibilidades de construir. Para isso é necessária inteligência, generosidade e grandeza. “El Pacto de la Moncloa” , na Espanha, conseguiu uma grande união de forças políticas. Que impede que, no Brasil, criem-se coisas melhores?

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