Boxe


Pela Honra dos EUA

Mais do que apontar o adversário do filipino Manny Pacquiao no fim do ano, o duelo entre os meio-médios Floyd Mayweather e Shane Mosley, hoje, em Las Vegas, vai servir para resgatar o orgulho norte-americano na nobre arte. O maior centro do pugilismo está em crise. Apenas sete dos 68 campeões das 17 categorias distribuídas nas quatro principais entidades nasceram nos EUA.

Jornalistas, técnicos e boxeadores americanos apontam como causa a globalização, que proporcionou uma invasão hispânica, asiática e do leste europeu. “Talvez a necessidade deles seja maior que a nossa para se dedicar a um esporte duro como o boxe”, disse o lendário técnico Angelo Dundee, de 88 anos, que trabalhou com Muhammad Ali e Sugar Ray Leonard, entre outros grandes campeões.

Mayweather x Mosley é comparado com duelos que envolveram Sugar Ray Leonard, Marvin Hagler, Roberto Duran e Thomas Hearns. “Será uma grande luta, mas não irá superar as nossas disputas”, brincou Hearns, que teve o apoio de Leonard. Os dois estiveram ontem no MGM antes da pesagem oficial.

Pacquiao, que está nas Filipinas onde se prepara para disputar uma vaga no Congresso nas eleições de 10 de maio, aposta em Mosley. “Se ele estiver bem fisicamente, deverá vencer.” O técnico de Mosley, Naazim Richardson, está confiante. “Ele vai ganhar de vez o direito de ser chamado de Sugar III”, afirmou, referindo-se ao apelido de seu pupilo, o mesmo de Ray Leonard e Ray Robinson, dois dos maiores boxeadores de todos os tempos.

Mayweather, 33 anos, está invicto, com 40 vitórias (25 nocautes) e já foi campeão cinco vezes em quatro categorias. “O boxe precisa de mim.” Mosley, de 38 anos, soma 46 vitórias (39 nocautes) e 5 derrotas. O canal Combate transmite a partir das 22h.

Nota do Editor - Hoje é sábado, primeiro de de maio, dia do trabalho. Justamente nesse dia sagrado para idealistas de um mundo sem diferenças, ou seja, dia de reflexão em que não se deve trabalhar, dois pugilistas estarão trabalhando duro para divertir milhões ao redor do mundo. Nesta noite, em Las vegas, Floyd Mayweather e Shane Mosley trocarão sopapos em uma das lutas mais promovidas dos últimos tempos. Sinal dos tempos, como colocou com propriedade o especialista Wilson Baldini Jr.. Os títulos de boxe estão fugindo dos Estados Unidos, que por mais de 100 anos foi a meca do esporte das luvas. Os lutadores chegam à América de todas as partes do mundo. Os promotores, homens da grana, continuam firmes nos Estados Unidos promovendo boxe, para eles um mina de ouro. Esta noite promovem mais uma "luta do século". Entre aspas, por óbvio. Um campeão de 33 anos que ainda não mostrou sua arte frente aos melhores e um veterano (Mosley) em fim de carreira. Ambos bons pugilistas. Eu disse bons pugilistas. Não me empolgam. O filipino Manny Pacquiao sim, esse é diferente.

O canal Combate vai transmitir a luta para quem estiver disposto a pagar. O sistema PPV (Pay Per View) é comum nos Estados Unidos, onde a TV por assinatura custa 12 dólares por mês. No Brasil, terra de cartórios e amigos do rei, o mesmo serviço custa 70 dólares a cada 30 dias e se o assinante quiser ver um espetáculo pugilístico terá de pagar mais 60 dólares. Para quem está nos EUA a entrada custa entre 150 e 1250 dólares. Boxe é caro. Cada dia mais caro. E boas lutas, cada dia mais raras.

Eu não colocaria meu rico dinheirinho para ver um caça-níqueis (Mayweather) lutando contra um veterano que deveria estar aposentado. Shane Mosley ganhou o título dos meio-médios do mexicano Antônio Margarito, lutador previsível, burocrático. Foi uma contenda cercada de boatos. No vestiário Margarito foi surprendido quando enfaixava as mãos com gaze contendo gesso. O procedimento custou caro, ele está suspenso nos Estados Unidos. Na luta Mosley fez o de sempre, Margarito não, mal-preparado acabou beijando a lona.

Já Mayweather fez sua última apresentação contra o valente Juan Manuel Marques, de peso inferior. Marques, ao contrário de "Money", apelido de Mayweather, costuma trocar golpes e embora tenha um cartel com grandes vitórias carrega o peso dos golpes recebidos. Está na hora de parar. Não foi páreo para a velocidade e os contragolpes do adversário mais pesado.

Mosley (2 vezes) e Mayweather venceram Oscar De la Hoya em decisões divididas. Eu teria dado empate nas três lutas. O combate entre "Golden Boy" (Oscar) e "Money" foi aborrecido, monótono e repetitivo. Do terceiro round em diante sempre a mesma coisa, De La Hoya atacando sem eficiência e Mayweathher fechado, recebendo golpes na guarda e de vez em quando contragolpeando sem causar danos. Bulshit!

Quem viu as batalhas de Thomas Hearns contra "Mano de Piedra" Duran, "Sugar" Ray Leonard e Marvin "Marvelous" Hagler sentiu saudades dos tempos em que havia lutadores que de fato lutavam.

No apagar das luzes da brilhante carreira, De La Hoya resolveu voltar aos tempos de glória e escolheu um adversário "fácil". Manny Pacquiao. O filipino era mais leve e embora tivesse um cartel respeitável, sempre lutou contra adversários do mesmo porte ou menores. A mão pesada de De La Hoya deveria favorecê-lo.

Pacquiao é de fato mais leve, mas golpeia com as duas mãos e é rápido, além de ter queixo de aço. No dia da luta eu acreditei na propaganda oficial e tive uma surpresa, coisa difícil de acontecer comigo que acompanho a nobre arte desde os anos da década de 1960. Pacquiao deu uma verdadeira surra em De La Hoya, que desistiu do combate e parece ter entendido o recado. Os dias de glória foram para a glória. Melhor pendurar as luvas.

Meses depois outra luta entre um meio-médio nato e um leve que subiu de peso foi anunciada com estardalhaço. O demolidor Cotto foi escolhido para enfrentar o filipino Pacquiao, nova sensação do mundo do boxe. Depois de desmontar De La Hoya "Pacman" colocou o falastrao Haton para dormir no 2º round. Um dos nocautes mais espetaculares de todos os tempos.

Cotto foi outra vítima da velocidade e da eficiência de Pacquiao. Completamente dominado terminou a luta dando a impressão de ter sido atropelado por um fenemê. Para os leitores jovens esclareço, fenemê é o apelido de um tipo de caminhão feito no Brasil. (FNM) O bravíssimo utilitário foi da maior importãncia na construção de Brasília.

Eu não arrisco apostar em um favorito na noite de hoje. Acredito que dificilmente os golpes previsíveis de Mosley chegarão ao destino, bem como os contragolpes de Mayweather. No entanto, os dois são campeões e têm experiência, qualquer vacilo pode ser fatal. Imagino que a decisão será por pontos e sem unanimidade. Não descarto o empate. Money precisa enfrentar e vencer de forma clara Cotto e Margarito para então alcançar o nível de Pacquiao, hoje o melhor pugilista do mundo em todos os pesos. Aí sim teremos a luta do século.
(Sidney Borges)


Artigo publicado no site da Golden Boy Promotions:

Confira a agenda: Na noite de 16 de setembro de 1981 o tempo parou por uma hora enquanto o título dos meio-médios era disputado. Sugar Ray Leonard e Thomas Hearns fizeram uma grande luta em Las vegas. Hoje os também meio-médios, Floyd "Money" Mayweather e Sugar Shane Mosley, estarã frente a frente na maior luta de 2010.
Nos últimos anos, os campeões de boxe têm vindo do exterior como Vitali Klitschko e seu irmão Wladimir, Ricky Hatton, Manny Pacquiao, Joe Calzaghe e Juan Manuel Marquez.

Na década de 1980 a maioria das super-lutas eram realizadas entre americanos. Batalhas memoráveis podem ser citadas, Leonard-Hearns, Leonard-Hagler, Hearns-Hagler, Larry Holmes-Gerry Cooney, Ali-Holmes, Michael Spinks-Holmes e Mike Tyson-Spinks.

O mesmo pode ser dito de muitas das grandes batalhas da década de 90, incluindo Evander Holyfield- Riddick Bowe, Holyfield-Tyson, Holyfield-George Foreman, Roy Jones Jr-Bernard Hopkins, Jones Jr-James Toney e Pernell Whitaker-Oscar De La Hoya.

A primeira década do novo século assistiu a uma mudança. Algumas lutas de bom nível envolveram pugilistas norte-americanos (Mayweather-De la Hoya, Hopkins-De La Hoya, Mosley-De La Hoya I e II), mas nada perto do que aconteceu antes. Talvez Mayweather-Mosley represente o início de uma mudança no caminho de volta aos dias gloriosos do passado.

Ninguém tem certeza da origem da palavra "welterweight", (meio-médio) mas os historiadores de boxe estão certos de que o primeiro campeão mundial da divisão de 147 libras (66,15 kg) foi Paddy Duffy de Boston,  coroado em 1888. Nos 122 anos desde então, a divisão tem sido dominado pelos americanos.

* Em 1939, Henry Armstrong de San Luis, considerado inferior apenas a Sugar Ray Robinson nas listas dos melhores de todos os tempos, defendeu o seu título welterweight em 11 empolgantes combates.

* Robinson, de New York City, é lembrado principalmente como um peso médio, mas suas melhores lutas foram como welterweight. Ele manteve o título por cinco vezes e foi derrotado apenas uma vez, por um médio natural, o grande Jake LaMotta.

* Um punhado de meio-médios concorreu ao título de melhor em todas as categorias: Whitaker (Norfolk, Virginia), Leonard (Palmer Park, Maryland), Mayweather (Grand Rapids, Michigan), Mosley (Pomona, Califórnia), De la Hoya (Los Angeles), e Donald Curry (Fort Worth, Texas).

* Outros pugilistas lendários que ostentaram o título dos meio-médios antes de subir de categoria foram Mickey Walker (Elizabeth, New Jersey) e Carmen Basilio (Canastota, New York).

* A revista Ring Magazine coloca entre as 10 melhores lutas de todos os tempos quatro entre meio-médios americanos: Basilio-DeMarco II, Leonard-Hearns I; Simon Brown- Maurice Blocker e Mosley- De la Hoya I.

Entre os meio-médios há lutadores de muitas escolas pugilísticas. Pacquiao vem das filipinas, Miguel Cotto, Felix Trinidad e Wilfredo Benitez de Porto Rico, Ike Quartey de Gana, Ted "Kid" Lewis" da Inglaterra, Joe Walcott de Barbados, Jimmy McLarnin da Irlanda, Pipino Cuevas do México, Roberto Duran do Panamá e José Nápoles e Gavilan Kid de Cuba.

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