Celular bandido

Golpes

Sidney Borges
Toca o telefone:

- Pai, eles me pegaram pai. Estão me batendo, vão me matar.

Penso comigo, outra vez. É a terceira tentativa. Até o Vice-presidente foi incomodado com a imperinência dos golpistas. Não tenho filhos, saio em vantagem. A encenação é perfeita, fiquei com vontade de pagar o resgate. Não ia adiantar, meu "não filho" está preso. O animador da cena também e os patrocinadores quase, são funcionários de presídio, só ficam presos parte do tempo, dormem em casa.

Nas vezes anteriores estiquei o papo e, quando eles já gastavam por minha conta, perguntei o nome do cachorro da Tia Emma para confirmar a identidade. Ouvi palavrões, golpistas não gostam de perder tempo com piadas. Nenhum executivo gosta. Desta vez não tive vontade de brincar, apenas disse ao lamuriento ator para não ter esperança.

- Não tenho filho cara, você é filho do vizinho, quem sabe do leiteiro. Ou do barbeiro.

Ele não deve ter entendido que fiz insinuações maldosas colocando em cheque a honestidade de sua mãe. Foi até educado.

- Desculpe senhor, passe bem.

Você também. Não tome sereno e não saia sem blusa. A segunda recomendação foi puramente convencional. Ele certamente não vai sair sem blusa. Nem com.

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