Pensata

Os sábios deturpadores

Saulo Gil
A sabedoria humana de sua pífia porcentagem ativa de massa cefálica é realmente capaz de nos auto enganar. A humildade Socrática, de saber com certeza, apenas que não sabe de nada, é fundamental para que nosso discernimento não tente tomar caminhos ilusórios e fantasiosos, como vem ocorrendo de forma viciosa na sociedade moderna.

Ainda com base na teoria do anti-egocentrismo humano, nossos maiores ensinamentos estão na vivência e nos sentimentos que sempre estiveram presentes nos homo sapiens. São milhares de anos (muito mais do que os 2 do calendário Cristão) onde a felicidade e a tristeza se manifestam na nossa frágil carne.

Pena que nossa evolução tenha deturpado tanto esta simples análise. Seguimos enfeitiçados por histórias criadas e fomentadas por humanos que preferiram ignorar a humildade, promovendo uma grandeza, que não nos cabe nesse mundo.

Um Coletivo de pessoas, também frágeis como os meros mortais, acreditam que sabem muito mais sobre a vida, sobre o ser humano, sobre outros bichinhos e plantinhas. No entanto, o tão aclamado conhecimento vem de livros escritos por seres humanos, teorias escritas por seres humanos e, claro, as três novelas da Globo. Realmente, uma aula de deturpação.

Não percebem que a sabedoria começaria pela percepção de que são bichos bípedes, ainda incapazes de se desvincularem das facetas ilusórias do conhecimento. Sem demagogia, o que me faz feliz é ver o outro ser feliz. E, definitivamente, eu não sou feliz nesse mundo moderno, que é perfeccionista em esconder o sofrimento alheio, como se esta problemática não fosse importante para nossa real sabedoria.

É desumano gastar forças para defender plantinhas, quando milhões de brasileiros continuam sendo alvos de degradação. Desconhecer e se omitir sobre as condições de vida de pobres vizinhos (afinal, a periferia é periférica) é ajudar a manter a violência contra estes seres homo sapiens, principalmente, aos que estão nascendo sem a esperança de mudança. É deixar ligada a moto serra repressora, que corta pela raiz a possibilidade de felicidade sistemática deste povo miserável.

Definitivamente, não existe credibilidade em qualquer raciocínio que não dê prioridade à resolução destas condições em que vivem cada vez mais nossos semelhantes. Triste é chegarmos até esse ponto de evolução tecnológica, utilizando mentalidades pré-históricas, que continuam permitindo a repressão a estes seres humanos. De que adianta pensarmos no meio ambiente do futuro, se permanecemos esquecendo o sofrimento dos miseráveis do presente.

Enquanto os escritores de fantasias não conviverem no habitat destes miseráveis, o sonho de um mundo melhor continuará um sonho. Não é possível que a ilusão destes supostos sábios os ceguem a tal ponto, de que não vejam a necessidade sim de se priorizar o restabelecimento de vida destes seres humanos e de suas gerações futuras. A própria formação da palavra sugere qual teria que ser a prioridade de nossas preocupações. Sócio... Ambiental.

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