Circo da Notícia

A pauta, cadê a pauta?

Carlos Brickmann no Observatório da Imprensa (original aqui)
Há 70 anos, em 7 de dezembro de 1939, o navio alemão Windhuk, que fazia transporte de carga e passageiros entre Europa e África, foi localizado pela Marinha britânica. Seguiu em direção ao Rio da Prata, buscando portos neutros, como os de Montevidéu ou Buenos Aires. Inútil: três cruzadores ingleses cortaram seu caminho. O encouraçado Graf Spee, orgulho da Marinha alemã, cercado pela esquadra britânica, acabara de ser afundado pelos próprios tripulantes, para não ser apresado, ao largo do porto de Montevidéu. O Windhuk atracou então em Santos, onde seus 240 tripulantes foram internados (e alguns encaminhados a campos de concentração, que poucos sabem que existiram – houve excelente reportagem de Luiz Salgado Ribeiro, há alguns anos, sobre este tema). O navio foi apreendido e, mais tarde, vendido aos Estados Unidos, onde recebeu o nome de Lejeune. Alguns tripulantes se mudaram para São Paulo e abriram um excelente restaurante alemão, até hoje um dos melhores da cidade na sua especialidade.

Pois bem: na segunda-feira (7/12), os quatro tripulantes sobreviventes do Windhuk se reuniram no restaurante, para comemorar os 70 anos da chegada ao Brasil. A história é ótima: um restaurante tradicional, velhinhos que a Marinha inglesa obrigou a ficar no Brasil, uma batalha naval, uma data redonda, um encouraçado afundado por perto. Quem cobriu a cerimônia? O portal
PortoGente. Jornais locais, nem pensar. TV? Rádio? Nada. Pelo jeito, a queda de circulação dos jornais não se relaciona apenas com o preço nem com a concorrência da internet. Que tal pensar no leitor? Que é que um repórter como Ricardo Kotscho faria numa comemoração como essa?

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