Felicidade

Gente indo. Gente vindo. Gente, muita gente...

Sidney Borges
Faz tempo que não pego um congestionamento. Há três meses fui a São Paulo para não perder a embocadura. Em Ubatuba nunca tive problemas com o trânsito, quando a cidade está cheia ando a pé. Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha, o congestionamento veio a mim hoje de manhã. Veio mas não me pegou. Precavido, matei dois coelhos com um único disparo, caminhei para manter a forma e comprei peixe. E de quebra tive a oportunidade de sentir a emoção reservada aos habitantes das metrópoles. Aquele calor de fritar ovos no asfalto e os carros enfileirados, queimando gasolina e emitindo poluentes. Meus olhos marejaram, estão desacostumados aos gases da civilização. Caminhar faz bem aos ossos e dá tempo para tudo, desde encontrar amigos até ir à feira comer pastel. Na volta havia muitos carros parados nas imediações do Sítio Ressaca, tanto os que iam às praias como os que delas voltavam. Um motorista afoito trafegava pelo acostamento e quase me atropelou. Deve ter ficado bravo. Um réles pedestre, cheio de sacolas, ousou atrapalhar o bólido de 100 mil reais. Na segunda-feira ele irá ao escritório exibir o bronzeado e contar prosa. Espero que vá, pois apressado como estava pode ter virado estatística. No jornal da noite vou saber das estradas. Todo esse alvoroço em nome da felicidade. Fugaz, transitória e efêmera felicidade. Almocei filé de pescada empanado com salada de palmito. Coisa simples, como deve ser a vida de um escritor de província. Estava bom, foi um momento feliz...

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