Ano Novo

2009. Quase começando

Sidney Borges
O ano começou a pré-temporada com reforma ortográfica, queima de fogos e posse de políticos. Quanto à reforma, descobri que há um período de carência de quatro anos. Fique tranqüilo, ou melhor, tranquilo. Se você usar o trema de forma indevida não haverá açoite. Imagino que as questões gramaticais da reforma não cheguem a tirar o sono de Nosso Guia. Os esses, o problema são os esses. Israel continua a despejar bombas na Faixa de Gaza. Esse conflito não parece ter solução, temo que ainda vá causar muito choro e ranger de dentes. Em 1967 eu estava no cursinho e pegava carona com dois colegas judeus. Íamos no Aero-Willys cor de areia do pai de um deles. O rádio falava da iminente guerra que seria travada no Oriente Médio, um lugar tão distante da minha realidade como as luas de Saturno. Não era assim para eles, que tinham parentes e amigos em Israel e ficavam preocupados, tensos. Eu lia e acreditava nos jornais que falavam do poderio das forças aéreas árabes, quase invencíveis. Centenas de Migs-21 egípcios não dariam chance a Israel, era questão de tempo. De repente começou a guerra e em algumas horas a aviação árabe foi destruída. No chão. Depois o massacre, Israel venceu em todas as frentes e quando a guerra terminou parecia que a paz seria definitiva. Em 1973 não me surpreendí quando Israel derrotou os vizinhos e recuperou a cidade de Jerusalém. Não vou cansar o leitor, mas o panorama atual não é diferente do que vem acontecendo há 60 anos. Os árabes gritam, esperneiam, atacam e são derrotados. O Hamas não aceita a existência de Israel. O Irã apoia o grupo e está desenvolvendo misseis de longo alcance e tecnologia nuclear capaz de produzir armamentos. No Líbano o Hezbollah continua se armando. Alguns analistas dizem que o grupo é mais poderoso do que qualquer exército árabe, o que me parece uma falácia. O fato é que os foguetes do Hamas atingem Israel. Sem pontaria é verdade, pouco estrago material produzem, mas violam as fronteiras do estado judeu. Se não destroem propriedades, causam medo e insegurança, minam a confiança dos israelenses em seu governo. A reação parece desproporcional. A região controlada pelo Hamas é densamente povoada, nos ataques israelenses morrem mulheres e crianças. As fotos são estampadas nos jornais, o mundo condena a barbárie e pede um cessar fogo imediato. A situação de Israel é difícil: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. Pelo que estudei do Oriente Médio tenho certeza de uma coisa. Israel não será destruído, se houver risco o arsenal nuclear será utilizado e o Armageddon bíblico vai fazer sentido. Não se deve cutucar onça com vara curta, a menos que seja uma vara condutora capaz de dar descargas de milhões de volts. Caso contrário as unhadas serão certas e possivelmente fatais. Resta saber se Irã, Hamas e Hezbollah têm cacife para encarar a onça. Será que não existe uma forma de acabar com o morticínio? Se alguém estranhou o título convém lembrar que o ano começa depois do carnaval. Estamos assistindo à preliminar, o jogo de verdade só ao findar dos festejos momescos.

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