Opinião

Uma conquista em perigo

Editorial do Estadão
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, negou ser tolerante com a inflação e reafirmou o objetivo do governo de mantê-la sob controle. "Essa é uma conquista do povo brasileiro", disse o ministro, repetindo uma frase muito usada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro seria mais convincente se desse mais ênfase a medidas ao alcance do governo para conter a alta de preços. Em vez disso, ele se esforçou para mostrar o aumento da inflação como um fenômeno internacional, aceito sem maior preocupação noutros países. Além do mais, insistiu em mostrar o espaço disponível, no Brasil, para acomodação de um índice bem acima do centro da meta, fixado em 4,5%. "A alta da inflação no Brasil", disse o ministro, "hoje decorre principalmente de choques de oferta. O sistema de metas de inflação, com margens de tolerância, foi feito exatamente para acomodar choques dessa natureza." Logo, se os preços aumentarem 6,5%, neste ano, o objetivo terá sido alcançado. Mas será o caso de aceitar esse resultado por antecipação?
Foi essa a impressão dada pelo ministro na entrevista publicada na quinta-feira pelo jornal Valor, sob a manchete "Mantega sugere mais tolerância com a inflação". Na sexta, ele desmentiu a manchete, mas admitiu a exatidão do texto. Em vários países, disse Mantega, a inflação está acima da meta, "e ninguém está arrancando os cabelos". Ele pode estar certo quanto à questão capilar, mas não pode negar o esforço realizado na maior parte dos países para contenção dos preços nem a preocupação demonstrada por presidentes de importantes bancos centrais (BCs), em recente reunião na Suíça. "Não é hora de complacência", disse o presidente do BC europeu, Jean-Claude Trichet, resumindo a principal conclusão do encontro.
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