Mundo

Tempestade à moda de Myanmar

Da Time:
As pessoas levam maus presságios a sério em Myanmar. Há séculos que astrólogos observam os caminhos dos planetas e as mudanças sutis do tempo em busca de traços que relacionem as irregularidades celestiais e os problemas terrenos. Assim, quando um ciclone tropical varreu o país entre 2 e 3 de maio matando mais de 22.000 pessoas e deixando centenas de milhares desabrigados no delta do Irrawaddy e na capital comercial Rangum, todos repararam um detalhe curioso. No dia 10 de maio, a junta linha dura que governa o país ia promover um referendo constitucional, o primeiro passo para aquilo que os militares chamam de ‘o alvorecer de uma democracia disciplinada’.
Os críticos rejeitam o plebiscito, que foi adiado por conta do desastre natural. Dizem que é um faz de conta político da junta para legitimar seu poder, já que a nova constituição prevê um bom naco das cadeiras no parlamento para os militares e proíbe os principais líderes oposicionistas de se candidatarem. Foi aí, pois, que os céus se abriram e os ventos sopraram. Os deuses, ao que parece, não estavam felizes com a liderança de Myanmar.
É um dos países mais pobres do mundo. Por isso mesmo, um dos menos preparados para um desastre natural destas proporções. Os militares ainda não se engajaram no processo de reerguer o país após a tempestade – e o fato de que eles não estão nas ruas trabalhando não passou despercebido à população.
O povo, diz Aung Zaw, que edita o principal jornal da comunidade birmanesa no exílio, ‘tem raiva da junta por ter reagido mal à tempestade e tem raiva da tempestade por não ter abatido a cidade de Naypyidaw, onde vivem os militares da junta’.

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