Coisas da vida

Apropriação indébita

Roubos inexplicáveis acontecem. De vez em quando pessoas ilustres são apanhadas com a boca na botija. Uma vez o barraco armado, só restam as desculpas, como aconteceu recentemente com o rabino Henry Sobel, figura simpática, mas com um penteado de lascar taquara. O que é aquilo? Estilo Herman’s Hermits ou Monkees? Em alguns casos a prática do furto é fruto de um transtorno psicológico conhecido como cleptomania. Eu conheci um cleptomaníaco, era casado com uma amiga. Lá pelos finais dos anos sessenta, ou talvez no começo dos setenta, não me lembro bem, eu estava em uma reunião na casa de um colega de escola e resolvemos comer pizza. Ainda não havia serviço a domicílio, saímos em busca da redonda. Somente um ficou, o cleptomaníaco, que estava assistindo a um jogo de futebol na televisão. Quando retornamos ele continuava sentado no mesmo lugar, só que olhando para o vazio. A televisão tinha sumido e ele, o único na casa, tinha o ar mais natural do mundo, só faltando assoviar. Ninguém disse nada, ficou um clima pra lá de esquisito, a garota era gente fina e curtia o cara adoidado. No outro dia devolveu a televisão, que estava no porta-malas do carro. Durante muito tempo o "pega-tudo" foi seguido por alguém da família que ia pagando as tranqueiras roubadas e pedindo desculpas para evitar polícia no lance. Um dia o cara sumiu, nunca mais se ouviu falar dele. Anos depois, ou melhor, muitos anos depois, um amigo comum disse tê-lo visto no Rio de Janeiro, mas não deu certeza. Onde andará? (Sidney Borges)

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