Pensata

Desejos

"Não podemos ter tudo que queremos. assim, deveríamos amar tudo o que temos" Essa lição de para-choques de Caminhões é, extremamente profunda. Amar tudo o que temos? Amar todos que temos? Muitas vezes não damos valor ao que temos, porque está ali, ou aqui. A mão! Fácil. A nossa disposição. Ao nosso lado. Em abundância. Em quantidades aparentemente intermináveis, de duração aparentemente infinita. Talvez, este seja o maior motivo da nossa displicência com as coisas e com as pessoas. Não cultuamos a convivência com nossos pais, com nossos filhos, com nossos amigos, com os nossos valores. Da falta de cuidados, do descaso com a preservação da nossa prole, da nossa casa, da nossa rua, do nosso bairro, da nossa cidade, da nossa natureza, do nosso meio ambiente. Se prestarmos atenção, se nos demorarmos um pequeno tempo, suficiente para formar uma imagem clara sobre o que esta acontecendo realmente em nosso redor, na frente dos nossos olhos e, não sabemos porque não nos apercebemos, vemos, mas não enxergamos, escutamos mas, não ouvimos, não concordamos mas, não reagimos, dói, mas, resignados, não gritamos. A indolência parece ter se apossado da capacidade de reação. Talvez, até nos apercebemos do caos que se materializa, porém, não queremos crer em sua existência, muito menos, na sua proximidade. Os conceitos familiares estão indecifráveis; a educação, a reverência, o respeito, a postura, a apresentação, pertencem a um comportamento de um passado longínquo. Tão distante que pais já não conhecem os filhos e, há mães, que lamentavelmente, desconhecem os pais de seus filhos. Este mundo fica cada vez mais estranho. A convivência, cada vez mais difícil. Muito mais do que ficou do meu avô para o meu pai. Do meu pai para mim e, pior será, de mim para meus filhos! O que dirá, de mim, para os meus netos? Só me restará desejos. Desejo que o rumo deste mundo mude e, que o amor se sobreponha a barbárie.
Pelos cuidados que dedicamos ao que temos, temo que temos muito mais do que merecemos.


Ronaldo Dias

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