Litoral Norte em perigo

Conexão São Sebastião-Europa

Ex-assessor, Flávio Ciappina, que foi do grupo de Juan Garcia, conta como prefeito chegou ao Riviera Group

Juan Garcia era um médico popular que gostava de debater os problemas de São Sebastião. Concorreu a deputado federal em 2002. Não se elegeu, mas em 2003 juntou um grupo de 17 amigos para ajudá-lo a realizar o sonho de ser prefeito.
Antes da campanha, ele montou um plano para arrecadar R$ 2 milhões. Empresários dos setores de lixo, transportes e merenda seriam os grandes doadores, em troca de relacionamento privilegiado com a prefeitura.
De novembro de 2003 a fevereiro de 2004, ano da campanha, Luis Carlos soares, dono de uma empresa de ônibus, gravou as reuniões em que Garcia e assessores, como Artur Balut pediam doações eleitorais.

Luis: Mas esse dinheiro é por dentro ou por fora?
Garcia: Por fora.
Balut: Ninguém colabora em campanha por colaborar.


Balut é o tesoureiro informal da campanha, quer ser vice-prefeito. O grupo chega a projetar doações no valor de R$ 8,4 milhões.
As doações ficam abaixo do esperado. Garcia rompe com Balut. O novo coordenador do grupo passa a ser o empresário Andelmo Zarzur Jr.
De repente, os problemas financeiros acabam e a campanha passa a contar com uma grande infra-estrutura e a fazer grandes comícios.
Juan Garcia é eleito prefeito. Em seguida, viaja para Portugal e espnha na companhia de Zarzur Jr. A viagem foi notícia na imprensa local.
O microempresário Zarzur Jr., que antes dirigia uma Parati, passa a desfilar em uma BMW X-5. A Petrobras decide que a base de gás seria em Caraguatatuba. Mas Zarzur Jr. E Emídio Mendes haviam comprado lotes na costa norte e na região portuária.
O prefeito envia um Plano Diretor à Câmara. Previa um aumento da área construída e verticalização com prédios de até 20 metros de altura, favorecendo a região onde o empresário português mais comprou terrenos.
Vice-prefeito, Paulo Henrique Santana denuncia esquema de arrecadação de doações de campanha, enriquecimento ilícito do grupo ligado a Juan Garcia e favorecimento ao Riviera Group no Plano diretor da cidade.
(Texto baseado no depoimento de Flávio Ciappina à Justiça)

Ciappina abre o verbo

Sérgio Duran no Estadão de 29 / 10
Ex-assessor de Juan Pons Garcia (PPS) Flávio Ciappina diz não entender, hoje, como acabou envolvido nos esquemas da campanha eleitoral que elegeu o prefeito de São Sebastião.
“Na época não havia nada do que há agora. Fui enxergando aos poucos. Eu acreditava nele. Quando começaram as pressões sobre empresários por doações, comecei a ver, conta”.
Ciappina apresentou depoimento documentado à justiça – que denunciou o ex-assessor, o prefeito e um grupo de amigos que dava suporte a Garcia por prática de extorsão e formação de quadrilha – na tentativa de ser beneficiado pelo programa de delação premiada. Por meio da Lei 9.807/99, ele poderá redução de pena se ajudar na investigação.
Garcia era cliente de Ciappina na Náutica Santana, da qual o ex-assessor é sócio. No depoimento, ao qual o estado teve acesso, estão anexados documentos como a nota fiscal da compra, por Garcia, de uma lancha CarbrasMar 28 Fly, por R$ 39 mil, logo depois da eleição.
Outras notas comprovam gastos de R$ 306.127,23, usados na reforma da lancha, equipada com dispositivos como ar-condicionado no valor de R$ 10 mil. Os pagamentos, afirma Ciappina, eram feitos em dólar.
O ex-assessor revela as práticas de pressão sobre empresários e afirma no depoimento que o grupo de amigos que apoiava o prefeito – muitos dos quais transformados em secretários da prefeitura depois da eleição – chegou a projetar ganhos de mais de R$ 8 milhões.
Parte do depoimento dá destaque à chegada de Andelmo Zarzur Júnior ao grupo, três meses antes da eleição, quando, então, os problemas financeiros da campanha acabaram. Os empresários achacados, segundo Ciappina, dificilmente cediam às pressões. Já Zarzur Jr. Parecia ter a chave do cofre.

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