Opinião

Cursos de Sabonetes e velas. Artesanais!

Outro dia, fiquei o período da manhã e, o da tarde, no salão do clube Tamoios ouvindo e discutindo considerações do casal de representantes do SPU (Serviço do Patrimônio da União) sobre o nosso Plano Diretor. Como sempre, a proposta é de mais interferências externas no nosso meio. Agora, também do auto denominado “governo popular” que vem cobrar seu quinhão na derrama dos aforamentos. A representante do tal governo, dito popular, no meio de algumas considerações iniciais “lascou”: “Ubatuba é o município que apresenta os maiores índices de degradação ambiental”. Puxa!!! Em outra oportunidade em que detinha a palavra sapecou: “ O Saco da Ribeira vai ter o maior TAC (Termo de Ajuste de Conduta) da história, uma vez que é preciso devolver aquela área, ocupada por marinas, a comunidade de pescadores daquele local”. Que idéia mais inteligente para o local e, para a atividade que mantém o maior número de empregos do município. Certo! E o que propõem, de compensação, para aqueles que perderão seus empregos nas tais marinas? Como sustentarão suas famílias? Irão pescar! De caniço, certamente! Durante os debates, ela insistiu veemente que o nosso plano diretor, contemplasse os parâmetros de ocupação e, uso, previstos no (ainda não regulamentado) Projeto Orla (que fez, ou idealizou esse tal projeto?). O Dr. Marcelo Mourão, na qualidade de diretor jurídico da Prefeitura, fez insistentes e contundentes intervenções pró autonomia de gestão, com argumentos baseados em preceitos constitucionais, que foram contestados e negados por aquela representante. Sem entrar no mérito das conclusões deste encontro (de desencontros) posso garantir que somos, cada vez mais, assediados por interferências externas, na determinação da ocupação e, do uso do nosso solo e, por conseguinte, nas formas (malabares) da nossa sobrevivência! Agora somos vitimas de propostas de mais um planalto: o Central. Definitivamente, devemos rechaçá-las. Chega! Seremos vistos com índios para tanta tutela? O que pretendem com mais um projeto, que chega sem dotação orçamentária? Sem verbas para sua efetiva aplicação e existência? Querem preservar o que, com quais recursos? Municipais? Pretendem transferir mais esta responsabilidade ao município? Imaginam, quem sabe, preservar o que resta do sertão do Perequê-Mirim ou do Ubatumirim? Da Barra do Rio Escuro? O pé da Serra? A favela do centro? As Sesmarias? As orlas das praias? Os rios, as cachoeiras, os mananciais? As degradadas praias-bairros Sununga, Lázaro, Enseada... ? Pretendem, com o projeto, alterar o resultado do abandono de Ubatuba pelo Estado? Que propostas mágicas de “desenvolvimento sustentável” terá a União para um município cujo modelo de receitas públicas é baseado na arrecadação de IPTU? Enquanto isso, e desde sempre, as ocupações clandestinas (de toda ordem) dominam os espaços. Multiplicam-se! “Onde tudo é proibido, tudo fica permitido” (com propriedade afirma o Renato Nunes). Viveremos no paraíso ou, em uma imensa favela de uma orla regulamentada? Finalmente, gostaria de lembrar que ainda é possível inscrever-se nos cursos de sabonetes e velas artesanais.

Ronaldo Dias

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