Editorial

Oportunidade perdida

A remoção da amendoeira, que tanta celeuma está despertando e que certamente arranhou o prestígio do senhor E. César, poderia ter sido diferente. Em lugar da batalha técnico-jurídica, aparentemente ganha pela prefeitura, vitória de Pirro, poderíamos ter contemplado uma pacífica e educativa festa ecológica. Preparar eventos dessa natureza demanda experiência. Eu tive o prazer, ou melhor, a honra de dirigir parte da campanha presidencial de Mário Covas, além de ter feito inúmeros trabalhos para políticos do mesmo quilate. Quis a vida que eu viesse passar um período sabático em Ubatuba onde acabei fazendo amigos, poucos é verdade, mas sinceros. Aqui resolvi morar e por esta cidade vou lutar com todas as forças que possuo. O que vou colocar agora será de graça, apenas para mostrar ao senhor E. César que sempre é possível colher dividendos políticos, desde que haja inteligência a serviço. Como diz o ditado, setas lançadas, palavras proferidas e oportunidades perdidas, são irreversíveis.

Como remover uma árvore de forma “politicamente” correta.

Inicialmente seria necessário fazer uma cuidadosa campanha de divulgação. Preferencialmente através do rádio, da televisão (se houver), dos jornais e da mídia eletrônica, além de palestras nas escolas e igrejas. A necessidade da remoção deve ficar clara, convém falar a verdade, mentiras têm pernas curtas.
Escolher um logradouro aprazível para colocar a árvore removida.
No dia da remoção criar um ambiente agradável, com banda de música, coral de crianças cantando o hino da cidade e autoridades discursando.
A retirada deve ser um ato solene, de respeito, acompanhado em silêncio pelos presentes. Um ser vivo, da importância da árvore que está sendo manipulada, merece toda a deferência.
Uma vez retirada, a árvore deve ser cuidadosamente depositada num berço de folhas, sobre um caminhão aberto que vai liderar um cortejo até o local do replantio.
Nova solenidade, com autoridades civis e eclesiásticas depositando terra no buraco em que foram colocadas as raízes. Para finalizar o prefeito e o presidente da Câmara descortinariam uma placa comemorativa do evento e regariam simbolicamente a árvore, desejando a ela uma vida saudável na nova casa. Alguns fogos serão tolerados, não muitos para não perturbar os pássaros.

Simples não é? Os resultados de ações planejadas são colhidos nas urnas. Para isso servem os assessores, ajudar a caminhada do chefe. Com a assessoria que tem, o senhor E. César não precisa de adversários. Estão ao seu lado.

Sidney Borges

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