Coluna do Mirisola

Escárnio

Infelizmente não consegui publicar esse texto no Congresso em Foco, e quero agradecer ao Sidney Borges pelo espaço cedido aqui, no Ubatuba Víbora

Marcelo Mirisola
Aos fatos. A Folha de São Paulo cometeu uma grosseria contra a biografia de Alberto Guzik (ilustrada 21/8). Gustavo Fioratti foi o responsável por reverberar o jornalismo crasso e deletério de Mônica Bérgamo. Para quem não lembra, a coluna dessa senhora cobriu a estréia de minha peça e não me citou. Na oportunidade, reclamei para o Ombudsman, mandei carta para o Painel do Leitor, e não adiantou nada. Ficou por isso mesmo. O jornal simplesmente resolveu apagar o Monólogo da Velha Apresentadora, texto de minha autoria, da biografia de Alberto Guzik.

Como sou ingênuo voltei a reclamar. Não por mim, que estou acostumado a engolir esse tipo de veneno, mas pela memória de Alberto Guzik. Via Ombudsman, recebi a resposta de Sylvia Colombo, editora da Ilustrada.

Nada mais nada menos que uma confissão de arrogância e uma declaração de escárnio, aspas: “O dramaturgo Alberto Guzik deixou obra vasta e variada. Não foi possível incluir todos os trabalhos na arte raixo x – publicado junto à matéria.”

Notem que não foi o repórter Gustavo Fioratti quem respondeu, mas Mônica Bérgamo, editora da Ilustrada. Isso revela uma opção deliberada do jornal por aquilo que a Igreja Romana da idade média chamava de índex, censura mesmo. Mal comparando, já que estamos falando de métodos medievais de exclusão, seria como não incluir o papado na vida do cardeal Ratzinger. Dessa vez, porém, até a Ombudsman me deu razão (por email porque não se manifestou publicamente) e disse que era injustificável excluir o Monólogo da Velha Apresentadora da biografia de Guzik. Evoluímos?

Se a Folha de São Paulo optou pelo índex, claro que não. O fato é que ignorar essa peça é subestimar todo o percurso de Guzik como homem de teatro. Será que é tão difícil de entender? Uma trajetória que culminou nesse espetáculo, que o realizou como ator e fechou o ciclo de sua vida. Há testemunhas. Muitas.

Até quando a Folha de São Paulo, levada pelo senso medieval de retaliação de seus editores, vai cometer a grosseria de omitir o Monólogo da Velha da biografia de Guzik? O que eu poderia fazer para provar a existência da Velha Apresentadora para aqueles que acreditam no jornalismo praticado pela Folha de São Paulo?

Em primeiro lugar, creio que é conveniente publicar o texto aqui no blogue do Sidney Borges. Depois, sugiro o blogue do próprio Guzik.

O material é farto. A partir da estréia da peça, no dia 11 de fevereiro e ao longo de 2009, Alberto Guzik documentou quase que diariamente sua experiência na pele da Velha Apresentadora. São toneladas de informações, verdadeiras aulas de dramaturgia em torno do assunto, comentários e participação dos amigos e espectadores de sua vida e obra. Alguns, nem tão próximos, se manifestaram e foram solidários comigo. Outros silenciam e fazem coro a omissão da Folha, como se aniquilassem parte da memória que Guzik confiou a eles. Eu sinceramente não queria estar no couro nem na alma dessas pessoas.

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