Pensata

A Imprensa Livre e Difundida para uma Democracia Plena

Ernesto F. Cardoso Jr.
A informação é essencial à sociedade democrática que se desenvolve por sua difusão, conduzindo ao conhecimento em seu amplo espectro. O conhecimento desvenda os olhos para a vida em sua realidade, desde o entendimento da origem do universo, seu contínuo processo de criação e recriação, à evolução perene e contínua adaptação dos seres ao seu meio, destacando-se a excepcional evolução do homem - o ser vivo mais complexo, completo e racional. Capacita-nos, ainda, a realizar prognósticos sobre o futuro, a estabelecer constatações objetivas que antes eram conjecturas metafísicas. Enfim, “como nunca dantes” (Lula “ab aeterno”) esta é a era por excelência da informação coalhada de novos conhecimentos que surgem a cada minuto neste, agora, sim,“Admirável Mundo Novo” (Brave New World, Aldous. Huxley, 1932), onde é possível acompanhar tudo, a todo o momento, em todos os lugares.

É constrangedor verificar, todavia, que grande parte dos povos deste planeta ainda se encontra à margem dessa intensa e extensa dinâmica cultural.

Na sequência histórica da disseminação da informação, desde a transmissão pictorial (figuras) e oral nas eras mais remotas, ao desenvolvimento formal da escrita nos últimos 5 séculos, seguida por sua popularização pela imprensa a partir do prelo de Guttemberg,(1450), aos modernos veículos de comunicação escrita, falada e virtual através dos milhares de veículos de todas as mídias, nunca tanta informação foi disponibilizada, mas, relativamente pouco, ainda, disseminada.

São tantos e tão abrangentes os veículos de informação que se discute a sobrevivência da imprensa escrita tradicional em relação aos novos veículos virtuais. Para a geração, ainda viva, que cresceu somente com a informação escrita, a preferência é óbvia. Para a que nasceu, modernamente, brincando com a virtual, desvendando suas técnicas ao sabor da pura experimentação, a preferência, também, deve ser óbvia. Todavia, enquanto uma não é eliminada pela outra, a imprensa escrita continua a ser o meio de informação mais atuante. Por isto, a ênfase que se dá, atualmente, ao estímulo da leitura, no processo educativo. Se a criança chegar à adolescência sabendo ler e entendendo o que ler, capaz de assimilar boa parte do conteúdo, nada a impedirá de alcançar os pináculos do conhecimento humano, pois, não há nada que estimule mais o pensamento e o entendimento do que o hábito da leitura. É por ela que se dá largueza, altura e profundidade ao pensamento, situando o leitor em seu tempo e em seu espaço, libertando-o de crendices e sofismas, de dogmas e postulados artificialmente fabricados, substituindo-os pela razão consolidada, dia a dia, pelo crescente acervo de novos conhecimentos.

Cientes, pois, de que uma democracia só se preserva e se desenvolve pela informação e pela divulgação diária de sua história e sendo a imprensa escrita sua maior disseminadora, é preciso tratá-la com mais apreço e senso de valor. Jornais lidos diariamente pelos que os adquirem vão, via de regra, parar na reciclagem do papel, ou no embrulho de alguma coisa, quando não ao lixo, desperdiçando-se toda a riqueza de conteúdo que encerram.

As revistas ainda gozam de melhor disseminação, já que as encontramos nos salões dos barbeiros, nas ante-salas de empresas, nos escritórios e nos consultórios, etc. Pelo seu conteúdo de maior atração visual exercem mais fascínio para a leitura.

Podemos concluir, pois, que se um número maior de nossos concidadãos tivesse acesso a esses veículos de informação, sem dúvida seriam muito mais capazes de agir com mais racionalidade e conhecimento de causa, o que os faria capazes de tomar decisões mais consentâneas com seus legítimos interesses e os da sociedade em que vivem. Seriam mais imunes à mentira, ao engodo, às mistificações de todos os tipos, aos charlatanismos de tantos “cleros”.

E aqui vai, então, a “raison d´être” (a razão de ser) deste artigo: nossa sugestão a cada pessoa que adquire um jornal, ou uma revista de notícias, para que, após lê-los, ao invés de deitá-los fora, façam-nos chegar às mãos de outros que não os podem adquirir, estendendo-lhes a oportunidade de se informar e de obter conhecimento.

Se formarmos, assim, uma corrente efetiva de disseminação da informação, passando a outros nossos jornais e revistas, o nível de inteligência de nossa gente se alargará e se aprofundará. Se assim fizermos, contribuiremos para a construção de uma sociedade mais lúcida, mais inteligente, mais perspicaz, mais crítica, mais capaz de se auto-afirmar e de se auto-conduzir, anulando as artimanhas dos embusteiros, dos manipuladores da consciência alheia, dos marqueteiros de épocas de eleições quando o dito precisa ficar como não dito, o mal feito precisa se tornar virtude, a verdade precisa ser contraditada e a corrupção precisa ser revestida da couraça da insensibilidade.

- Uma sociedade democrática será tão forte quanto o grau de informação, conhecimento e entendimento de seus cidadãos.

Viva, pois, à imprensa livre e bem difundida!

Dados do autor: Ernesto Ferreira Cardoso Junior
Economista (UERJ) e MBA (University of Pittsburgh, Penna, USA)
Ex-Gerente do Porto de São Sebastião (DERSA 1995 – 2000)

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