Nini

Os crimes que ninguém quer ver

Carlos Brickmann no Observatório da Imprensa
Este colunista não tem nada favorável a dizer sobre o general Newton Cruz, que foi comandante militar do Planalto durante a ditadura. Mas ocupou cargos da mais alta importância, incluindo a agência central do SNI, o terrível Serviço Nacional de Informações; conheceu os governos por dentro; era companheiro dos generais que chegaram à Presidência da República. O que diz tem importância, portanto – ou por ser verdade, e nesse caso exige investigação, ou por ser mentira, e nesse caso exige punição. E, de qualquer maneira, o que diz pode configurar outro crime, o de ter conhecimento de fatos delituosos que ocorreram e, abdicando de suas responsabilidades, silenciar sobre eles.

A entrevista do general Newton Cruz ao jornalista Geneton Moraes Neto, no canal Globonews, foi quase ignorada pela grande imprensa. E, no entanto, ele narra coisas notáveis, como a proposta que disse ter recebido de Paulo Maluf, então candidato à Presidência da República, de mandar assassinar seu adversário Tancredo Neves, ou a informação de que sabe quem eram os militares que queriam promover novo atentado a bomba, logo após o atentado do Riocentro (veja a entrevista completa aqui ou leia o texto do próprio Geneton, aqui.

Muito bem: por que ninguém foi ouvir Paulo Maluf sobre a pesada acusação que lhe foi feita pelo general Newton Cruz? Ninguém foi investigar os passos do general no Rio de Janeiro quando, num encontro com militares-terroristas, disse ter mandado suspender o atentado que planejavam? Ninguém quis saber por que, sabendo que havia militares agindo fora da lei, fora da disciplina, fora da determinação de seu comando, não lhes deu voz de prisão, no momento ou mais tarde?

E não é só a imprensa: o Ministério Público já deveria ter aberto inquérito para apurar o que aconteceu. Os dois casos são espantosos: o primeiro, de proposta de magnicídio – o assassínio do candidato favorito à Presidência; o segundo, de terrorismo puro e simples, com a morte sabe-se lá de quantas pessoas inocentes.

E, no caso da imprensa, cadê a repercussão?

O caso Watergate foi liderado do início ao fim, nos Estados Unidos, pelo Washington Post. Mas os outros jornais foram atrás, lutaram, conseguiram suas informações. Aqui é capaz de nem terem visto a entrevista do general.

Nota do Editor - Buscar coerência em falas de Nini é perda de tempo. (Sidney Borges)

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