Brasil

Sobre a "Lei Antifumo"

Sidney Borges
Ontem recebi um e-mail de um leitor indignado com a falta de fiscalização na cidade. Em conhecida pizzaria alguém acendeu um cigarro e lançou perigosa e cancerígena fumaça no ambiente. Sem que o gerente tomasse providências.

Fiquei pensando no fumante, no gerente, no leitor indignado, em mim e em Heráclito de Éfeso, autor da frase: "o mesmo homem não se banha duas vezes no mesmo rio", modelo mental para o fluxo do tempo.

O tempo? Sei o que é, mas se me perguntam não sei explicar, disse Santo Agostinho. O tempo muda as águas e envelhece o homem, quando bato nas teclas para corrigir o erro já não sou o mesmo que o cometeu.

Fumei muito. Durante muito tempo. Tenho certeza de que teria me oposto à proibição com energia. Sou contra intromissões de governos em direitos individuais.

Eu gostava de fumar, fumava Charm, se estivesse acordado estaria fumando.

Meu pai um dia cronometrou. Um cigarro acendido a cada doze minutos. Cinco por hora. Um maço a cada quatro horas. Em média três maços por dia. Devo ter incomodado muita gente, tanto isso é verdade que um dia também me senti incomodado. Parei de fumar.

O tempo passa, lá se vão vinte e um anos.

Atualmente não consigo me imaginar com um cigarro nas mãos, não faz sentido, não é lógico, não é civilizado, não é educado. Tenho como certo que no futuro o tabagismo será reduzido à insignificância, mas não acabará, aliás os vícios nunca acabarão.

O ser humano precisa de estimulantes e tranquilizantes, a vida é por vezes tão insensata que sem aditivos torna-se inviável. Mas o direito da maioria deve ser respeitado. Os fumantes terão de se acostumar ao fato de que são minoria. Quem não fuma não gosta de fumar passivamente.

Contra os fatos não há argumentos. Dura lex, sed lex...

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