Coluna do Celsinho

Drible

Celso de Almeida Jr.
Aguardo a minha vez.

Há um rito no procedimento.

Paciência, enquanto os primeiros argumentam.

O layout facilita ouvir os casos desabafados naquela mesa.

Carrego a convicção de que o gerente com vocação para escritor produziria textos maravilhosos, dada a criatividade da clientela.

Finalmente, ocupo a cadeira.

Mais uma vez, conto com a generosidade alheia.

Ele sempre me abençoa, pagando o cheque da madrugada com o depósito do amanhecer.
Claro que a indulgência aparece no extrato.


Simbólica, claro, na ótica do banco; mas prefiro-a, mil vezes, do que a extrema-unção.
E assim caminhamos...driblando!


Sou grato aos amigos de infância da rua Cunhambebe.

Juntos, na lateral do campo de aviação, jogávamos aquele futebolzinho inocente, ensaiando os primeiros dribles da vida.

Nossa vítima imediata, o saudoso Sr. Claudio - responsável pelo aeroporto - surpreendia-nos com sua motoneta; e corríamos daquela perigosa área de escape.

Era nosso drible mais difícil.

Não nos especializamos em dribles de outra natureza como os de José Sarney, Lula, Paulo Maluf, mas, por tabela, amargamos esse lado da brasilidade.

Nossa realidade marota exige mais esforço, mais trabalho, mais energia, para manter um padrão de vida cada vez mais simples.

Há dribles éticos?

Creio que só os do Robinho & Cia.

Os demais soam como um gesto de pouco brilho, sinalizando, lá no fundo, que ainda vivemos no país do jeitinho.

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