Coluna da Segunda-feira
Para não perder o bom humor
“As pessoas refletem o que existe em si mesmas.
Encontram, sempre, o que esperam encontrar”
Provérbio Sufi
Rui Grilo
Meio sonolento, apenas ouvi o repórter noticiando que o Brasil já havia atingido o primeiro ou segundo lugar no mundo em doações de medula óssea e que havia um acordo que tanto permitia o acesso de pessoas do exterior ao nosso banco de medula como também o acesso dos pacientes brasileiros aos bancos do exterior, aumentando as chances de achar um doador compatível. Senti um certo alívio. Havia encontrado um argumento a mais que desmentia uma opinião veiculada anteriormente. Posteriormente li na Folha o artigo do Frei Betto, “Brasil – Professores de Ética”, que também reforçava a minha opinião.
A internet, ao mesmo tempo em que garante a maior circulação de idéias, também permite que as pessoas destilem todo o seu mau humor e veneno. Às vezes, recebemos as mesmas mensagens enviadas por diferentes pessoas. Assim, mais de uma vez recebi um texto que colocava o povo brasileiro como babaca, preguiçoso, mau-caráter e outros depreciativos. Me senti mal ao ler o texto e senti vontade de retrucar. Mas procurei me controlar pois não valia a pena deixar que isso estragasse o meu dia.
Fiquei pensando: como uma pessoa com um razoável grau de instrução pode se perder em tanta generalização e tenha tão baixa autoestima? Até que ponto o colonizador conseguiu destruir o conceito que cada um tem de seu grupo social de tal forma que perceba apenas seus defeitos e não as qualidades?
Hoje, pesquisando na internet, em alguns blogs encontrei a informação de que o texto “Povo Brasileiro” não é do Arnaldo Jabor. Seria de uma outra pessoa. Então, não sei de quem realmente é o texto, mas não posso concordar.
Quando aprendemos/ensinamos a elaborar uma dissertação, um dos erros que devemos evitar é a generalização, usando palavras do tipo - ninguém e todos - a não ser que seja uma verdade evidente. Acredito que o ser humano seja falho e ambíguo, sujeito à atitudes corretas ou a erros. Assim, em todos os grupos sociais e nações há erros e acertos, boas e más atitudes.
Se hoje enfrentamos uma avalanche de denúncias de corrupção por parte daqueles que nos governam e que elaboram as leis e o seu cumprimento, também há atitudes como as relatadas no artigo do Frei Betto, em que, pessoas simples encontraram dinheiro e objetos que poderiam oferecer a oportunidade de adquirir coisas que nunca tiveram, mas que devolveram ou entregaram à alguma autoridade responsável, mantendo-se fiéis aos seus valores e crenças.
Dando aulas para adultos ou através de reportagens, tive contato com senhoras que, assumindo o papel de chefes de família, enfrentam longas jornadas trabalhando como faxineiras em várias casas, saindo logo cedo e voltando muito tarde, enfrentando o desconforto de viajar de pé em ônibus lotados. Para o próprio lar, só resta os finais do dia e das semanas. Da mesma maneira, é nos finais de semana que os homens aproveitam para construir, reformar ou ampliar a sua casa. E muitas vezes, apesar de toda essa dificuldade, ainda tem esperanças e sonhos a realizar.
Fico pensando o que seria do Brasil e dessas pessoas que tanto desqualificam o povão se ele resolvesse assumir e agir como vagabundo
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br
“As pessoas refletem o que existe em si mesmas.
Encontram, sempre, o que esperam encontrar”
Provérbio Sufi
Rui Grilo
Meio sonolento, apenas ouvi o repórter noticiando que o Brasil já havia atingido o primeiro ou segundo lugar no mundo em doações de medula óssea e que havia um acordo que tanto permitia o acesso de pessoas do exterior ao nosso banco de medula como também o acesso dos pacientes brasileiros aos bancos do exterior, aumentando as chances de achar um doador compatível. Senti um certo alívio. Havia encontrado um argumento a mais que desmentia uma opinião veiculada anteriormente. Posteriormente li na Folha o artigo do Frei Betto, “Brasil – Professores de Ética”, que também reforçava a minha opinião.
A internet, ao mesmo tempo em que garante a maior circulação de idéias, também permite que as pessoas destilem todo o seu mau humor e veneno. Às vezes, recebemos as mesmas mensagens enviadas por diferentes pessoas. Assim, mais de uma vez recebi um texto que colocava o povo brasileiro como babaca, preguiçoso, mau-caráter e outros depreciativos. Me senti mal ao ler o texto e senti vontade de retrucar. Mas procurei me controlar pois não valia a pena deixar que isso estragasse o meu dia.
Fiquei pensando: como uma pessoa com um razoável grau de instrução pode se perder em tanta generalização e tenha tão baixa autoestima? Até que ponto o colonizador conseguiu destruir o conceito que cada um tem de seu grupo social de tal forma que perceba apenas seus defeitos e não as qualidades?
Hoje, pesquisando na internet, em alguns blogs encontrei a informação de que o texto “Povo Brasileiro” não é do Arnaldo Jabor. Seria de uma outra pessoa. Então, não sei de quem realmente é o texto, mas não posso concordar.
Quando aprendemos/ensinamos a elaborar uma dissertação, um dos erros que devemos evitar é a generalização, usando palavras do tipo - ninguém e todos - a não ser que seja uma verdade evidente. Acredito que o ser humano seja falho e ambíguo, sujeito à atitudes corretas ou a erros. Assim, em todos os grupos sociais e nações há erros e acertos, boas e más atitudes.
Se hoje enfrentamos uma avalanche de denúncias de corrupção por parte daqueles que nos governam e que elaboram as leis e o seu cumprimento, também há atitudes como as relatadas no artigo do Frei Betto, em que, pessoas simples encontraram dinheiro e objetos que poderiam oferecer a oportunidade de adquirir coisas que nunca tiveram, mas que devolveram ou entregaram à alguma autoridade responsável, mantendo-se fiéis aos seus valores e crenças.
Dando aulas para adultos ou através de reportagens, tive contato com senhoras que, assumindo o papel de chefes de família, enfrentam longas jornadas trabalhando como faxineiras em várias casas, saindo logo cedo e voltando muito tarde, enfrentando o desconforto de viajar de pé em ônibus lotados. Para o próprio lar, só resta os finais do dia e das semanas. Da mesma maneira, é nos finais de semana que os homens aproveitam para construir, reformar ou ampliar a sua casa. E muitas vezes, apesar de toda essa dificuldade, ainda tem esperanças e sonhos a realizar.
Fico pensando o que seria do Brasil e dessas pessoas que tanto desqualificam o povão se ele resolvesse assumir e agir como vagabundo
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br
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