Sem sentido...

Um baú sem fundo de embromações

No dia 3 de março de 2006, os jornais brasileiros transcreveram os principais trechos de uma extensa entrevista do presidente Lula à revista londrina The Economist, incluída, juntamente com um editorial elogioso, na edição que começava a circular naquela sexta-feira, às vésperas de sua visita de Estado à Grã-Bretanha. Numa passagem, perguntado por que o PIB brasileiro cresceu apenas 2,3% no ano anterior, ele respondeu: “No Brasil, não estamos com pressa de fazer a economia decolar imediatamente. Primeiro, cuidamos de consolidar a base macroeconômica. Não quero um crescimento de 10% ou 15% ao ano. Quero um ciclo de crescimento sustentável de 4% ou 5%.” Passados 12 meses, confrontado com mais uma evidência de que a realidade teima em negar o que ele quer - o PIB de 2006 não chegou nem a 3% -, Lula não se deu por achado e ligou o piloto automático.

Começou por dizer que o crescimento econômico não depende da vontade do presidente ou do governo - o que é parte obviedade, parte mistificação. E elaborou, se é que o verbo se aplica: “O PIB só vai crescer na medida em que se crie uma dinâmica no País em que as pessoas acreditem que as coisas estão sendo feitas com seriedade.” Que quer dizer isso? O mesmo que quer dizer “não quero um crescimento de 10% ou 15% ao ano”. Ou seja, rigorosamente nada, afora expressar um movimento defensivo reflexo, típico de quem está desprovido de argumentos objetivos diante de verdades incômodas. Na frase de agora do presidente, substitua-se “o PIB só vai crescer na medida em que…” pelo que venha à cabeça, e não fará a menor diferença: fatos positivos de qualquer espécie só ocorrem “quando as coisas estiverem sendo feitas com seriedade”. Para tanto, porém, Lula precisaria antes de tudo falar sério.
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