Editorial

Fuzuê

Esse é o termo que melhor expressa o que aconteceu ontem na Câmara. Antes de ir ao cerne da questão, fica evidente a necessidade de um plenário mais amplo. Ubatuba está crescendo. A democracia está evoluindo, o que significa maior interesse do povo. Está na hora de construir instalações adequadas à realidade, uma casa de leis que possa abrigar os contribuintes. É direito do povo saber o que fazem os seus representantes. Com um mínimo de conforto. A noite estava quente e abafada, sem uma brisa sequer para movimentar as folhas das árvores, quietas como velhas beatas em missa solene. Isso do lado de fora do hospíc..., ato falho, da Câmara. Dentro a coisa fervia. Parecia inferninho da rua Augusta de outrora, quando Clodovil alfinetava o Denner. A sessão começou com a casa lotada, muito calor e muito barulho. Depois da praxe inicial, do discurso da Bruxinha e das desculpas do Doutor Ricardo, entrou em votação o pedido de cassação do mandato do vereador Jairo dos Santos e em seguida do prefeito Eduardo César. Cassação de prefeito constitui terrível quebra de protocolo. Guardadas as distâncias é uma espécie de regicídio. Oliver Cromwell, herói da Inglaterra carrega uma mácula perpétua na reputação. Jamais será perdoado pela morte de Carlos I. Rei é rei, pode ser preso, exilado, odiado, mas não pode ser executado. Cassar um prefeito é equivalente a matar um rei. Não fiquem bravos comigo, eu não crio os costumes, apenas relato. O prefeito ocupa hoje o lugar do rei no imaginário popular. E também no imaginário das cortes que apreciam seus atos. É difícil derrubar um prefeito, ainda que o sinal tenha sido avançado. É dificílimo derrubar um prefeito na casa das leis. Ontem não foi diferente. Alguém me falou de provas contundentes que não poderiam ser ignoradas. Eu respondi dizendo que o pedido não seria apreciado tecnicamente. Bingo. Acertei na mosca. Foi uma queda de braço política, que o prefeito venceu por sete votos a três. Charles Medeiros, Edílson Félix e Jairo dos Santos votaram pela cassação. Houve um certo vacilo da base aliada, é prudente colocar as barbas de molho. O fuzuê aumentou com a manifestação ruidosa da platéia que não gostou do resultado. Houve um incidente com o vereador Edílson Félix, que passou mal e teve de ser retirado às pressas. Enfim, estamos vivendo momentos nada alvissareiros. De um lado a administração, acuada por denúncias e pedidos de afastamento de seu titular e assessores. Do outro lado, a oposição colocando lente de aumento em cada ato do governo, buscando, procurando e sendo alvo de represálias jurídico-administrativas de eficácia duvidosa. No meio a população assustada com a epidemia de Dengue, obras inconclusas e promessas que nunca se concretizam. Dias melhores virão quando a população entender que votar é importante e que o voto não pode ser trocado por camisetas e alguns reais. Em dois mil e oito vamos pensar em algo novo, capaz de trazer Ubatuba para o século XXI. Está na hora.

Sidney Borges

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