Brasil

Uma novela desapaixonada

Guillherme Fiuza/Época
A Polícia Federal ia acabar com a raça de Daniel Dantas. Montou a novela Satiagraha, que a opinião pública – sempre esperançosa – recebeu como a redenção nacional contra a impunidade. Hoje é forte candidata ao hall dos micos de 2008.


A apuração dos fatos vai confirmando aquilo que só não viu quem não quis: o delegado montou seu circo e chamou em off os holofotes. Venham todos ver Daniel Dantas algemado. Hoje tem marmelada!

Esse espetáculo mambembe, coadjuvado por um juiz espetaculoso – que já caiu no ridículo ao querer dar ordens à corte suprema e levar um carão em público –, vai sendo recauchutado ao sabor do freguês, o bom e velho Palácio do Planalto.

Dali veio a ordem para a PF barbarizar o banqueiro. O objetivo principal foi alcançado: a fotografia do banqueiro indo em cana. A opção da investigação séria ficou em segundo plano, encoberta pela literatura ideológica do delegado e do juiz.

O resultado era óbvio: o suspeito está a salvo. E os mandantes palacianos do circo pegaram a vedete para bode expiatório. A culpa é do Protógenes, subitamente acusado de promiscuidade com a imprensa, com a Abin e com o capeta.

Um grande aperitivo para o copidesque do relatório Satiagraha, uma espécie de vale a pena ver de novo, tentativa de salvar a foto do banqueiro preso. Ela ficaria tão boa na TV em 2010…

Aí vem o ministro Tarso Genro, chefe da central conspiratória, defender o remake da novela.


Trata-se de um relatório “desapaixonado”, concluiu o ministro, informando que não o leu.

Compreende-se. Provavelmente teria lido se fosse apaixonante.

Não dá para antever o fim da novela Satiagraha. Mas a essa altura, ao que tudo indica, nem beijo gay dá jeito.
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