Opinião

Interesse inusitado

Editorial do Estadão
O fato de bancos controlados pelo governo federal estarem financiando mais de 60% da compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi - apesar de a operação ainda depender de mudança da legislação -, e numa operação em que pelo menos uma instituição federal, o Banco do Brasil, teve de inovar seus padrões de concessão de empréstimos de alto valor, não deixa nenhuma dúvida quanto ao enorme e inusitado interesse da administração Lula num negócio entre duas empresas privadas.
Do ponto de vista de política pública já era difícil para as autoridades federais justificar tal interesse. A constituição da nova empresa resultará numa forte concentração do mercado, o que reduzirá a concorrência no setor de telefonia, com prejuízos para os usuários. Mas o governo tem tanto interesse no negócio que se dispôs até mesmo a propor a mudança da legislação, criada para assegurar a competição entre as operadoras de telefonia e proteger o interesse do consumidor.
Mais difícil ainda é justificar, perante os contribuintes e os acionistas do Banco do Brasil, o uso de vultosos recursos de instituições oficiais para viabilizar financeiramente uma operação de fusão que não gerará empregos - sendo mais provável que resulte em cortes de postos de trabalho.
Na quarta-feira, a Oi (ex-Telemar) informou ao mercado ter obtido do Banco do Brasil empréstimo de R$ 4,3 bilhões para financiar a compra da Brasil Telecom. O prazo do empréstimo será de oito anos, ao custo equivalente à variação do certificado de depósito interfinanceiro (CDI) mais 1,30% ao ano.
O financiamento tem características que o tornam inédito entre as operações realizadas pelo Banco do Brasil. É o maior empréstimo já concedido pelo banco para um único tomador e seu valor supera o saldo total de empréstimos concedidos pela instituição para todo o setor de telecomunicações.
Leia mais

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu