Coluna do Rui Grilo
Presente de grego no dia do professor
xxxxxxxx “Esta cova em que estás com palmos medida
xxxxxxxx É a conta menor que tiraste em vida
xxxxxxxx É de bom tamanho nem largo nem fundo
xxxxxxxx É a parte que te cabe deste latifúndio”
xxxxxxxx João Cabral de Melo Neto
“Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é
imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores.”
xxxxxxxx Paulo Freire
Rui Grilo
Encontro com dois professores de escolas diferentes e os dois manifestam o mesmo desânimo com o resultado eleitoral em São Paulo. quebrando a esperança e a perspectiva de alguma melhora depois de quase vinte anos de continuidade de governo e de descontinuidade de proposta educacional.
À tarde fui à Diretoria de Ensino em Caraguatatuba para assinar minha contagem de tempo para fim de aposentadoria. A funcionária me informa que a contagem não estava pronta porque mudou o programa e havia uma dúvida a ser resolvida e que meu processo seria encaminhado à São Paulo para esclarecimentos porque havia acrescentado mais documentos. Só que esses documentos já haviam sido enviados há vários meses.
E essa contagem de tempo nunca termina e a cada vez que me dirijo à Diretoria, mais algum documento é solicitado e, via de regra, cada documento solicitado demora mais de seis meses para ser fornecido.
Vim para Ubatuba há seis anos e já vim com a contagem feita, que já havia sido refeita porque alguém que havia feito anteriormente havia errado.
Tive que trabalhar mais quatro anos porque o documento oficial que dizia que meus direitos estavam garantidos não garantiam nada. E todo o tempo em que estive “emprestado” à Prefeitura de São Paulo foi descontado e ainda poderia perder em dinheiro porque seria descontado qüinqüênio.
A sensação que tenho é que quando esse documento chegar ao fim, já estarei vestido com meu terno de madeira. Talvez seja essa a sensação de Kafka ao escrever sua obra prima “O Processo”, essa sensação de impotência do cidadão diante da máquina burocrática do estado. Este é o prêmio depois de mais de 30 anos de serviços prestados ao Estado de São Paulo.
À noite, vejo Serra falando da quebra de sigilo dos estudantes do ENEM e prometendo valorizar o professor. Todos os professores do estado de São Paulo sabem que seus dados pessoais foram repassados à Editora Abril em sucessivas e suspeitas compras de revistas daquela editora.* Todos os professores “acreditam” que o PSDB realmente valoriza o professor porque vários governadores tucanos entraram na justiça contra o piso salarial do magistério e contra o aumento das horas atividades, isto é, o pagamento das horas necessárias para o planejamento das aulas, correção de trabalhos e atualização de conhecimentos.
Em nossa luta pela valorização da classe, o diálogo com o governo do estado é na base de cassetete e bombas de gás lacrimogênio. A “valorização” só aparece na época das eleições. Então, não dá para acreditar em histórias da carochinha e na palavra de quem já quebrou-a várias vezes.
Saiba mais aqui
Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br
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xxxxxxxx É a conta menor que tiraste em vida
xxxxxxxx É de bom tamanho nem largo nem fundo
xxxxxxxx É a parte que te cabe deste latifúndio”
xxxxxxxx João Cabral de Melo Neto
“Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é
imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores.”
xxxxxxxx Paulo Freire
Rui Grilo
Encontro com dois professores de escolas diferentes e os dois manifestam o mesmo desânimo com o resultado eleitoral em São Paulo. quebrando a esperança e a perspectiva de alguma melhora depois de quase vinte anos de continuidade de governo e de descontinuidade de proposta educacional.
À tarde fui à Diretoria de Ensino em Caraguatatuba para assinar minha contagem de tempo para fim de aposentadoria. A funcionária me informa que a contagem não estava pronta porque mudou o programa e havia uma dúvida a ser resolvida e que meu processo seria encaminhado à São Paulo para esclarecimentos porque havia acrescentado mais documentos. Só que esses documentos já haviam sido enviados há vários meses.
E essa contagem de tempo nunca termina e a cada vez que me dirijo à Diretoria, mais algum documento é solicitado e, via de regra, cada documento solicitado demora mais de seis meses para ser fornecido.
Vim para Ubatuba há seis anos e já vim com a contagem feita, que já havia sido refeita porque alguém que havia feito anteriormente havia errado.
Tive que trabalhar mais quatro anos porque o documento oficial que dizia que meus direitos estavam garantidos não garantiam nada. E todo o tempo em que estive “emprestado” à Prefeitura de São Paulo foi descontado e ainda poderia perder em dinheiro porque seria descontado qüinqüênio.
A sensação que tenho é que quando esse documento chegar ao fim, já estarei vestido com meu terno de madeira. Talvez seja essa a sensação de Kafka ao escrever sua obra prima “O Processo”, essa sensação de impotência do cidadão diante da máquina burocrática do estado. Este é o prêmio depois de mais de 30 anos de serviços prestados ao Estado de São Paulo.
À noite, vejo Serra falando da quebra de sigilo dos estudantes do ENEM e prometendo valorizar o professor. Todos os professores do estado de São Paulo sabem que seus dados pessoais foram repassados à Editora Abril em sucessivas e suspeitas compras de revistas daquela editora.* Todos os professores “acreditam” que o PSDB realmente valoriza o professor porque vários governadores tucanos entraram na justiça contra o piso salarial do magistério e contra o aumento das horas atividades, isto é, o pagamento das horas necessárias para o planejamento das aulas, correção de trabalhos e atualização de conhecimentos.
Em nossa luta pela valorização da classe, o diálogo com o governo do estado é na base de cassetete e bombas de gás lacrimogênio. A “valorização” só aparece na época das eleições. Então, não dá para acreditar em histórias da carochinha e na palavra de quem já quebrou-a várias vezes.
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Rui Grilo
ragrilo@terra.com.br
Comentários
Tá ruim ser professor no estado de SP ?
Então se mude para outros e veja o que anda acontecendo por aí, meu rei!
Aqui não é o paraíso não, mas o inferno é bem mais atrás.
Mas não somos o Estado mais rico da federação? Será que nossa educação faz jus a essa condição?
Ou salário aqui é aceito na base da porrada?
Pensamos iguais...
Não tem sentido o estado mais rico da federação não perceber que o professor precisa ser valorizado e respeitado. E não é só a questão do dinheiro, é de ele sentir que o seu trabalho é reconhecido
Rui Grilo