Brasil
Cresce número de jovens no Brasil que não estuda nem trabalha
Folha (original aqui)
Nem estudando, nem trabalhando. Mais de dois em cada dez jovens brasileiros entre 18 e 20 anos se encontravam nessa espécie de limbo em 2009, à margem da crescente inclusão educacional e laboral registrada no país em anos recentes.
Essa geração "nem-nem" (tradução livre do termo ni-ni, "ni estudian ni trabajan", usado em espanhol) representa uma parcela crescente dos jovens de 18 a 20 anos. Eram 22,5% dessa faixa etária em 2001 e 24,1% em 2009 (o equivalente a 2,4 milhões de pessoas).
Nesse mesmo período, a taxa de desemprego no país recuou de 9,3% para 8,4%. Os dados são da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e foram levantados pelo pesquisador Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Insper.
Segundo especialistas, essa tendência é resultado de várias causas. Entre elas, paradoxalmente, o maior aquecimento no mercado de trabalho --que tem acirrado a competição-- e o aumento significativo de transferências do governo para famílias de renda mais baixa.
Nota do Editor - Eis um problema de difícil solução para os próximos governos. O crescimento da população não é acompanhado na mesma proporção pelos postos de trabalho. A distribuição de renda dos programas sociais, que são corretos, constitui apenas paliativo. Os jovens precisam de emprego, salário, carteira assinada, complemento educacional, assistência médica e odontológica, crédito para casa própria e estímulo. O Brasil é um pais desigual na essência, formado sobre fundações de papel. Quase quatrocentos anos de modo de produção baseado em mão de obra escrava deixaram marcas profundas na sociedade. O trabalho ainda é considerado coisa de inferiores, salvo em regiões onde a imigração européia substituiu a mão de obra escrava.
Os europeus chegaram com mentalidade desenvolvimentista e trabalharam duro para subir na vida. Seus filhos foram instados a estudar e ascender socialmente. Os escravos libertos não tiveram essa oportunidade e não receberam estímulo nem compensação pelo tempo perdido e humilhações sofridas. Conclusão, os jovens de classes inferiores são as maiores vítimas dessa asquerosa assimetria pois o processo educacional que daria a eles a possibilidade de mudar a tendência do jogo, para usar uma metáfora ao estilo lulista, é falho e não cumpre o papel que lhe cabe. Logo um idiota da objetividade, com permissão de Nelson Rodrigues, dirá que é culpa dos tucanos. Não é não, nem de tucanos nem de petistas, mas cabe a tucanos e petistas, que detêm o poder, resolver a parada. Talvez em 400 anos a coisa mude, até lá provavelmente estarei morto. Ou não, nunca se sabe o amanhã. (Sidney Borges)
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Nem estudando, nem trabalhando. Mais de dois em cada dez jovens brasileiros entre 18 e 20 anos se encontravam nessa espécie de limbo em 2009, à margem da crescente inclusão educacional e laboral registrada no país em anos recentes.
Essa geração "nem-nem" (tradução livre do termo ni-ni, "ni estudian ni trabajan", usado em espanhol) representa uma parcela crescente dos jovens de 18 a 20 anos. Eram 22,5% dessa faixa etária em 2001 e 24,1% em 2009 (o equivalente a 2,4 milhões de pessoas).
Nesse mesmo período, a taxa de desemprego no país recuou de 9,3% para 8,4%. Os dados são da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e foram levantados pelo pesquisador Naercio Menezes Filho, do Centro de Políticas Públicas do Insper.
Segundo especialistas, essa tendência é resultado de várias causas. Entre elas, paradoxalmente, o maior aquecimento no mercado de trabalho --que tem acirrado a competição-- e o aumento significativo de transferências do governo para famílias de renda mais baixa.
Nota do Editor - Eis um problema de difícil solução para os próximos governos. O crescimento da população não é acompanhado na mesma proporção pelos postos de trabalho. A distribuição de renda dos programas sociais, que são corretos, constitui apenas paliativo. Os jovens precisam de emprego, salário, carteira assinada, complemento educacional, assistência médica e odontológica, crédito para casa própria e estímulo. O Brasil é um pais desigual na essência, formado sobre fundações de papel. Quase quatrocentos anos de modo de produção baseado em mão de obra escrava deixaram marcas profundas na sociedade. O trabalho ainda é considerado coisa de inferiores, salvo em regiões onde a imigração européia substituiu a mão de obra escrava.
Os europeus chegaram com mentalidade desenvolvimentista e trabalharam duro para subir na vida. Seus filhos foram instados a estudar e ascender socialmente. Os escravos libertos não tiveram essa oportunidade e não receberam estímulo nem compensação pelo tempo perdido e humilhações sofridas. Conclusão, os jovens de classes inferiores são as maiores vítimas dessa asquerosa assimetria pois o processo educacional que daria a eles a possibilidade de mudar a tendência do jogo, para usar uma metáfora ao estilo lulista, é falho e não cumpre o papel que lhe cabe. Logo um idiota da objetividade, com permissão de Nelson Rodrigues, dirá que é culpa dos tucanos. Não é não, nem de tucanos nem de petistas, mas cabe a tucanos e petistas, que detêm o poder, resolver a parada. Talvez em 400 anos a coisa mude, até lá provavelmente estarei morto. Ou não, nunca se sabe o amanhã. (Sidney Borges)
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