Jornalismo
Torcida pelos dois times
Carlos Brickmann no Observatório da Imprensa
O candidato oposicionista José Serra já brigou com a colunista Miriam Leitão, de O Globo, por uma pergunta absolutamente pertinente sobre o que acha da autonomia do Banco Central; já brigou com a apresentadora Márcia Peltier, do CNT, acusando-a de fazer perguntas (aliás, totalmente necessárias) formuladas pelo PT.
Agora, brigou com um repórter do Valor e acusou o jornal de "cumprir uma pauta petista", por perguntar sobre o caso Paulo Preto.
Diante da pergunta, cabe ao entrevistado responder, não especular sobre as razões que levaram o repórter a fazê-la; pode dar uma boa resposta, pode dar uma resposta ruim. Não pode impedir que alguém faça uma pergunta inconveniente – mesmo porque não há perguntas inconvenientes. O que pode haver é uma resposta inconveniente.
Dilma e o presidente Lula também brigam com a imprensa (além de estimular o Ministro da Verdade Absoluta a lutar pelo "controle social da mídia", apelido que conferiram à censura).
Dilma, enquanto não foi obrigada pelos fatos, respondia às perguntas rigorosamente profissionais sobre Erenice Guerra dizendo que era tudo factóide; e o presidente se queixa da imprensa a cada discurso (e não são poucos).
A coisa chega a tal ponto que a ala chapa-branca da comunicação acusa a imprensa de tramar um golpe contra o governo. Deve haver alguma confusão entre a "Coluna do Castello" e o marechal Castello.
Havia reis, antigamente, que mandavam matar os portadores de más notícias. Este colunista já foi ameaçado de prisão, na época da ditadura, por esperar no aeroporto que o avião do presidente da República decolasse (o que foi interpretado pelo comandante militar de Congonhas como torcida para que houvesse um acidente na decolagem).
É até compreensível que a imprensa não seja bem-vista pelo Poder: o repórter que é repórter não está ali para elogiar o figurino real, mas para verificar se o rei não está nu. O que é difícil de compreender (exceto se considerarmos que o autoritarismo vem de dentro, do fígado) é que a oposição também considere que a imprensa é a fonte de todos os males.
Enfim, como diz o esplêndido jornalista Ricardo Setti, que agora volta à atividade diária em seu blog, se os dois lados criticam a imprensa, isso significa que alguma coisa certa a imprensa anda fazendo.
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Carlos Brickmann no Observatório da Imprensa
O candidato oposicionista José Serra já brigou com a colunista Miriam Leitão, de O Globo, por uma pergunta absolutamente pertinente sobre o que acha da autonomia do Banco Central; já brigou com a apresentadora Márcia Peltier, do CNT, acusando-a de fazer perguntas (aliás, totalmente necessárias) formuladas pelo PT.
Agora, brigou com um repórter do Valor e acusou o jornal de "cumprir uma pauta petista", por perguntar sobre o caso Paulo Preto.
Diante da pergunta, cabe ao entrevistado responder, não especular sobre as razões que levaram o repórter a fazê-la; pode dar uma boa resposta, pode dar uma resposta ruim. Não pode impedir que alguém faça uma pergunta inconveniente – mesmo porque não há perguntas inconvenientes. O que pode haver é uma resposta inconveniente.
Dilma e o presidente Lula também brigam com a imprensa (além de estimular o Ministro da Verdade Absoluta a lutar pelo "controle social da mídia", apelido que conferiram à censura).
Dilma, enquanto não foi obrigada pelos fatos, respondia às perguntas rigorosamente profissionais sobre Erenice Guerra dizendo que era tudo factóide; e o presidente se queixa da imprensa a cada discurso (e não são poucos).
A coisa chega a tal ponto que a ala chapa-branca da comunicação acusa a imprensa de tramar um golpe contra o governo. Deve haver alguma confusão entre a "Coluna do Castello" e o marechal Castello.
Havia reis, antigamente, que mandavam matar os portadores de más notícias. Este colunista já foi ameaçado de prisão, na época da ditadura, por esperar no aeroporto que o avião do presidente da República decolasse (o que foi interpretado pelo comandante militar de Congonhas como torcida para que houvesse um acidente na decolagem).
É até compreensível que a imprensa não seja bem-vista pelo Poder: o repórter que é repórter não está ali para elogiar o figurino real, mas para verificar se o rei não está nu. O que é difícil de compreender (exceto se considerarmos que o autoritarismo vem de dentro, do fígado) é que a oposição também considere que a imprensa é a fonte de todos os males.
Enfim, como diz o esplêndido jornalista Ricardo Setti, que agora volta à atividade diária em seu blog, se os dois lados criticam a imprensa, isso significa que alguma coisa certa a imprensa anda fazendo.
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