Educação

Estrutura soviética

Sidney Borges
Na União Soviética de 1920 o povo estava esperançoso. O regime se propunha a dar vez aos excluídos. O clima era de euforia.

Foram recrutados engenheiros para trabalhar em planejamento. Os rapazes eram bons e dedicados, a produção cresceu com a racionalização. Pelo comunismo valia usar até o fordismo.

Na área de hortifutigrangeiros foi observado que viajavam em média mil quilômetros de trem antes de chegar a Moscou.

Com o passar do tempo e o estabelecimento da burocracia, o passeio das couves passou a vigorar como "Lei dos 1000 km".

No final dos anos da década de 1980 as hortaliças eram cultivadas a menos de 50 km da capital.

A lei era cumprida sem que ninguém pensasse em contestá-la.

Alfaces, beterrabas e cenouras eram colhidas e embarcadas em trens especiais.

Viajavam 500 km, davam meia volta e depois de percorrer outros 500 km entravam gloriosamente na estação central de Moscou. Bingo, as cansadas e desentendidas alfaces chegavam murchas ao destino.

Não é preciso muito mais para entender porque não deu certo.

A Educação no Brasil funciona de forma parecida. Na verdade um pouco pior, pois há nela embutida uma grande dose de hipocrisia.

Os professores que dão aulas na rede pública estão sendo testados.

A Secretaria Estadual de Educação do litoral norte está localizada em Caraguatatuba.

Quem mora em São Sebastião, Ilhabela e Ubatuba tem de deslocar-se de sua cidade.

Ubatuba, por exemplo, poderia realizar as provas em alguma escola local. Espaço não falta.

No sistema soviético, é mais fácil arrastar o piano do que empurrar o banquinho.

Em vez de alguns pacotes contendo provas e alguns funcionários para fiscalizar, centenas de pobres diabos deixam suas casas em pleno domingo e fazem uma viagem de mais de 100 km.

Para satisfazer a falta de compromisso dos burocratas com os que não têm quem os defenda.

Como não existe planejamento, a época não é levada em conta. Com as estradas cheias de turistas, a viagem dura horas e horas de tortura.

No final, a prova. Oitenta questões em 4 horas com 5 alternativas cada. Em pleno domingo com os professores cansados e sem almoço.

Ao abrir as questões, a surpresa.

Nada a ver com o conteúdo ensinado, apenas pedagogês.

O sistema educacional brasileiro deixaria os burocratas da extinta União Soviética orgulhosos.

É tão burro quanto.

Twitter

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mosca-dragão

Pegoava?

Jundu