Opinião

Ainda uma boa safra

Editorial do Estadão
O Brasil deve colher neste ano a segunda maior safra de grãos e oleaginosas de sua história: 137,6 milhões de toneladas segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ou 136,4 milhões de acordo com o IBGE. Confirmada qualquer das duas estimativas, a colheita será suficiente para garantir um abastecimento interno tranquilo, sem problemas para o consumidor, e um volume apreciável de exportações de produtos in natura ou processados. Esses números, divulgados na terça-feira, resultam de levantamentos feitos em março e são ligeiramente maiores que os apurados pelos pesquisadores no mês anterior. Pelos cálculos da Conab, a safra será 4,5% menor que a da temporada 2007-2008. Pelas contas do IBGE, a produção deste ano será 6,5% menor que a da safra anterior.

Apesar de alguns meses secos em algumas áreas e do excesso de chuvas em outras, o tempo, de modo geral, acabou contribuindo para uma produção satisfatória, confirmada em Estados do Centro-Sul, onde mais de 60% das lavouras de verão já foram colhidas. Nessas áreas também já avançou ou foi concluído o plantio da segunda safra de milho e de feijão.

Embora a produção total deva ser menor que a da safra 2007-2008, as condições de abastecimento deverão ser satisfatórias, de modo geral, e, no caso de alguns alimentos, melhores que as da temporada anterior. O balanço de oferta e demanda elaborado pela Conab mostra boas perspectivas para o ano. Considerando-se produção, importação, consumo e exportação, os estoques de arroz em casca, feijão, farelo de soja, óleo de soja e trigo serão maiores no final do que no início da temporada 2008-2009. Os de milho e de soja em grãos deverão diminuir, mas a oferta de produtos continuará mais que suficiente para o mercado interno e para bom volume de exportações.

Apesar da redução dos preços internacionais, as vendas de produtos básicos - especialmente agrícolas - continuam sendo a principal fonte do superávit comercial brasileiro. De janeiro a março, a receita das exportações de soja em grão foi 49,1% maior que a de um ano antes. Também o milho em grão e o farelo de soja proporcionaram mais dólares que no primeiro trimestre do ano passado - 40,6% e 6%, respectivamente. A receita obtida com o açúcar ficou 24,1% acima da obtida no período de janeiro a março de 2008.

O resultado comercial conseguido com outros produtos da agropecuária tem sido menor que o de um ano antes, por causa da recessão na maior parte dos grandes mercados e da redução das cotações internacionais. Ainda assim, a solidez das contas externas brasileiras continua dependendo fundamentalmente dos produtos originários do campo. No primeiro bimestre - última informação processada pelo Ministério da Agricultura - o agronegócio proporcionou um superávit comercial de US$ 6,3 bilhões, 8,8% menor que o de um ano antes, mas suficiente para compensar, com grande folga, o déficit acumulado no conjunto das demais transações com o exterior.

Para o abastecimento interno, foi especialmente importante, na temporada 2008-2009, a produção de 6 milhões de toneladas de trigo, 46,8% maior que a do ano anterior. O suprimento dependerá de importações de 5,3 milhões de toneladas, bem menores, em todo o caso, que as do ano anterior, 6,9 milhões. A maior produção compensou em parte a quebra da safra na Argentina, principal fornecedora de trigo para o Brasil.
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