Coluna da Sexta-feira

Constante desafio

Celso de Almeida Jr.
Aprendi, na atividade empresarial, o quanto o mercado é leonino.


Uma das máximas que se aprende nesse tipo de desafio diz que, para os pequenos empreendedores brasileiros, temos um capitalismo sem capital, por mais absurdo que pareça esse pensamento.

Você que está iniciando as atividades como micro ou médio empresário, registre essa observação.

Deixe passar cinco anos e convide-me para um café. Relate-me, então, a sua experiência, confirmando, ou não, este meu comentário.

É muito mais fácil eu ser compreendido por aquele que já gerencia algum negócio há mais tempo.

Por aqui, o custo do dinheiro é altíssimo. Os bancos se divertem com o sangue de um empresariado criativo, sob os auspícios de um governo populista. Este, feliz com sua carga tributária monumental, justifica-se dizendo que tudo faz pelos pobres e oprimidos.

E lança a conclusão fatal para a auto-estima de qualquer um: quem não tem competência não se estabelece. Eu queria ver um deles comandando alguma atividade comercial, nas condições que eles mesmos inventaram.


E, assim, temos uma nação que neutraliza o empreendedor de poucos recursos, ocupando grande parte de seu tempo para garantir a sobrevivência do negócio, quando o correto seria centrar a maior parte de sua energia no planejamento do futuro, na análise do mercado, na busca de novos desafios, no estudo, na pesquisa.

Escrevo fundamentado na própria experiência. Há mais de 20 anos administro uma empresa sujeitando-me a todo tipo de bombardeio. Há o fogo da concorrência, o fogo amigo e outros tirinhos inesperados que, apesar da pouca potência, ardem um pouquinho.

Mas, assim é o mercado e, com o tempo, aprende-se também a enfrentar esses percalços, valendo-se, como sugestão, de elevada dose de bom humor. Tudo isso, entretanto, pouco importa. O problema central está na forma como os empreendedores são tratados pela nação.

Dinheiro caro, tributos altos, legislação trabalhista paternalista, universidade distante do empresariado, pouquíssimas incubadoras de empresas, são questões que o Brasil precisará encarar, revertendo essa lógica perversa que inviabiliza a geração de empregos e atrasa o nosso desenvolvimento.

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