Comilança & Pança

Sobremesas saborosas esbanjam calorias
O açúcar nos dá prazer mesmo quando não é doce ─ uma pista importante para a escalada da obesidade
por Zane B. Andrews e Tamas L. Horvarth (Clique aqui e leia na fonte)
A epidemia de obesidade tem estimulado os cientistas a entender melhor os mecanismos de que o cérebro dispõe para controlar os hábitos alimentares das pessoas.
Há um consenso entre os cientistas de que dois mecanismos neurobiológicos gerais comandam o consumo de alimentos: um controla a necessidade e o outro o desejo de comer.
No cérebro, o hipotálamo é parcialmente responsável pelo controle homeostático do consumo de alimentos recebendo, coordenando e respondendo a pistas e sinais metabólicos do sistema digestivo. Ao incorporar esses sinais, o hipotálamo nos informa quando precisamos comer para manter o peso ideal.
No entanto, sabe-se que centros mais elaborados do cérebro também controlam o desejo de comer influenciando significativamente no consumo de alimentos. O sistema de recompensa da dopamina é um desses centros: Quando sonhamos com uma taça de sorvete de chocolate depois de jantar, um alimento que não ingerimos por sentir fome, mas por pura vontade de comer, é o nosso sistema de recompensa de dopamina que está agindo. Em muitas situações, o desejo de comer pode superar a necessidade, levando as pessoas a ingerirem alimentos saborosos mesmo quando não sentem fome. Nossa incapacidade de bloquear esses estímulos compensadores de consumo de alimentos prevalece sobre o controle homeostático, contribuindo, ao longo do tempo, para a obesidade.
O neurocientista Ivan de Araujo e colegas estudaram essa questão, na Duke University, utilizando uma linha de camundongos geneticamente modificados sem um receptor de função essencial para detectar o sabor adocicado. Nesses camundongos qualquer mudança no sistema de recompensa não pode ser atribuída à degustação de alimentos ou à sensação de doçura. Se esses camundongos preferem o sabor doce é porque os alimentos mais doces têm mais calorias, implicando que há algum prazer associado ao consumo de calorias.
Os autores mostraram que os camundongos geneticamente modificados eram completamente insensíveis às propriedades recompensadoras em relação à sacarose (açúcar comum) não mostrando preferência por sacarose ou água pura. Os camundongos de controle, sem mutações genéticas, ao contrário, preferiram majoritariamente a solução de sacarose.
Os cientistas submeteram então diferentes espécies de camundongos a um “protocolo de condicionamento”, no qual os roedores tinham acesso alternado à água ou sacarose durante seis dias. No decorrer dessas sessões de condicionamento, os camundongos com modificações genéticas conseguiram associar soluções doces à carga calórica depois de ingeridas, já que a água com açúcar tem mais calorias que a água pura. Curiosamente, ambas as espécies de camundongos consumiram quantidades maiores de sacarose. Embora os camundongos geneticamente modificados não identificassem o sabor doce, foram condicionados a preferir a água com açúcar. Esta descoberta sugere que os camundongos sem receptores funcionais para o doce conseguiram detectar as propriedades calóricas da sacarose. Parece existir uma sensação prazerosa associada à ingestão de alimentos calóricos.
Substituindo a sacarose por sucralose ─ adoçante com sabor muito parecido com o açúcar ─ os pesquisadores observaram que tanto um quanto outro aumentava o nível de dopamina acima do padrão nos camundongos de controle; os camundongos modificados apenas mostraram aumento de dopamina com açúcar, indicando que a carga calórica (e não o doce) estava ativando seu sistema de recompensa de dopamina.
Embora esses resultados mostrem que a carga calórica afeta o sistema de recompensa da dopamina no cérebro independentemente do paladar nos camundongos com modificações genéticas, os camundongos normais não mostraram maior liberação de dopamina para a sacarose em comparação com a sucralose.
Entender as propriedades de recompensa de certos alimentos nos ajudará a planejar meios eficientes para reduzir o ‘desejo’ de comer desde que a ‘necessidade’ de comer seja satisfeita. Esse estudo também acrescenta dados novos às pesquisas, ao mostrar que os sinais metabólicos não são domínio exclusivo do hipotálamo e que as interferências entre os sinais metabólicos e os centros cerebrais associados ao desejo de comer são muito mais freqüentes que se imaginava. Dessa forma, categorizar o consumo de alimentos como hedônico versus homeostático pode não só ser redundante, mas enganoso. Quando se trata de comer, necessidade e desejo podem estar muito próximos.
O açúcar nos dá prazer mesmo quando não é doce ─ uma pista importante para a escalada da obesidade
por Zane B. Andrews e Tamas L. Horvarth (Clique aqui e leia na fonte)
A epidemia de obesidade tem estimulado os cientistas a entender melhor os mecanismos de que o cérebro dispõe para controlar os hábitos alimentares das pessoas.
Há um consenso entre os cientistas de que dois mecanismos neurobiológicos gerais comandam o consumo de alimentos: um controla a necessidade e o outro o desejo de comer.
No cérebro, o hipotálamo é parcialmente responsável pelo controle homeostático do consumo de alimentos recebendo, coordenando e respondendo a pistas e sinais metabólicos do sistema digestivo. Ao incorporar esses sinais, o hipotálamo nos informa quando precisamos comer para manter o peso ideal.
No entanto, sabe-se que centros mais elaborados do cérebro também controlam o desejo de comer influenciando significativamente no consumo de alimentos. O sistema de recompensa da dopamina é um desses centros: Quando sonhamos com uma taça de sorvete de chocolate depois de jantar, um alimento que não ingerimos por sentir fome, mas por pura vontade de comer, é o nosso sistema de recompensa de dopamina que está agindo. Em muitas situações, o desejo de comer pode superar a necessidade, levando as pessoas a ingerirem alimentos saborosos mesmo quando não sentem fome. Nossa incapacidade de bloquear esses estímulos compensadores de consumo de alimentos prevalece sobre o controle homeostático, contribuindo, ao longo do tempo, para a obesidade.
O neurocientista Ivan de Araujo e colegas estudaram essa questão, na Duke University, utilizando uma linha de camundongos geneticamente modificados sem um receptor de função essencial para detectar o sabor adocicado. Nesses camundongos qualquer mudança no sistema de recompensa não pode ser atribuída à degustação de alimentos ou à sensação de doçura. Se esses camundongos preferem o sabor doce é porque os alimentos mais doces têm mais calorias, implicando que há algum prazer associado ao consumo de calorias.
Os autores mostraram que os camundongos geneticamente modificados eram completamente insensíveis às propriedades recompensadoras em relação à sacarose (açúcar comum) não mostrando preferência por sacarose ou água pura. Os camundongos de controle, sem mutações genéticas, ao contrário, preferiram majoritariamente a solução de sacarose.
Os cientistas submeteram então diferentes espécies de camundongos a um “protocolo de condicionamento”, no qual os roedores tinham acesso alternado à água ou sacarose durante seis dias. No decorrer dessas sessões de condicionamento, os camundongos com modificações genéticas conseguiram associar soluções doces à carga calórica depois de ingeridas, já que a água com açúcar tem mais calorias que a água pura. Curiosamente, ambas as espécies de camundongos consumiram quantidades maiores de sacarose. Embora os camundongos geneticamente modificados não identificassem o sabor doce, foram condicionados a preferir a água com açúcar. Esta descoberta sugere que os camundongos sem receptores funcionais para o doce conseguiram detectar as propriedades calóricas da sacarose. Parece existir uma sensação prazerosa associada à ingestão de alimentos calóricos.
Substituindo a sacarose por sucralose ─ adoçante com sabor muito parecido com o açúcar ─ os pesquisadores observaram que tanto um quanto outro aumentava o nível de dopamina acima do padrão nos camundongos de controle; os camundongos modificados apenas mostraram aumento de dopamina com açúcar, indicando que a carga calórica (e não o doce) estava ativando seu sistema de recompensa de dopamina.
Embora esses resultados mostrem que a carga calórica afeta o sistema de recompensa da dopamina no cérebro independentemente do paladar nos camundongos com modificações genéticas, os camundongos normais não mostraram maior liberação de dopamina para a sacarose em comparação com a sucralose.
Entender as propriedades de recompensa de certos alimentos nos ajudará a planejar meios eficientes para reduzir o ‘desejo’ de comer desde que a ‘necessidade’ de comer seja satisfeita. Esse estudo também acrescenta dados novos às pesquisas, ao mostrar que os sinais metabólicos não são domínio exclusivo do hipotálamo e que as interferências entre os sinais metabólicos e os centros cerebrais associados ao desejo de comer são muito mais freqüentes que se imaginava. Dessa forma, categorizar o consumo de alimentos como hedônico versus homeostático pode não só ser redundante, mas enganoso. Quando se trata de comer, necessidade e desejo podem estar muito próximos.
Comentários
Parabéns pelo seu post e pela possibilidade que nos deu de refletir um pouco mais sobre as questões abordadas em busca do objetivo principal que é UMA MELHOR QUALIDADE DE VIDA de todos por todos e para todos equlíbrio que nos alcançará quer por ele ou na falta dele, grande abraço parabéns e sucesso!