Opinião

Brincando com fogo

Editorial do Estadão
Os argentinos começam a trocar seus pesos por dólares. Eles temem a repetição do que ocorreu em dezembro de 2001 - quando o governo decretou o "corralito", medida que limitou drasticamente os saques dos depósitos bancários - e, por isso, retiram suas poupanças dos bancos e compram dólares num ritmo que já preocupa o governo. Na semana passada, o Banco Central da República Argentina (BCRA) injetou no mercado US$ 1 bilhão para atender à procura pela moeda americana e tentar manter a cotação oficial de 3,21 pesos. No mercado negro, a cotação chegou a 3,28 pesos. Autoridades financeiras, como a presidente do Banco de la Nación Argentina, Mercedes Marcó del Pont, tentaram tranqüilizar a população, mas a procura por dólares segue intensa. O BCRA continua a injetar, em média, US$ 200 milhões por dia no sistema.
Encarregada pelo governo de conter a corrida ao dólar, que pode abalar o sistema financeiro do país, a presidente do Banco de la Nación afirmou que "não existem condições objetivas para uma nova crise", especialmente como a de 2001. Naquele ano, a incapacidade do governo de responder aos problemas financeiros do país gerou uma onda de desconfiança e uma corrida aos bancos, que foi enfrentada com a decretação do "corralito".
São outras, de fato, as condições econômicas do país. As reservas do BCRA, que na época do "corralito" estavam esgotadas, hoje somam cerca de US$ 50 bilhões. Elas estão sendo reduzidas nas últimas semanas, mas a um ritmo que ainda não ameaça sua solidez. Além disso, agora, a maioria dos depósitos bancários é feita em moeda nacional, e não em dólar, como em 2001.
Mas a rápida deterioração do ambiente político desde a posse da presidente Cristina Fernández de Kirchner, em 10 de dezembro do ano passado, criou um clima favorável à propagação de rumores, entre os quais o da iminência de novo "corralito" e de uma desvalorização do peso.
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